segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Partes do Todo

 Assim comemos e reclamamos da fome não saciada. Talvez porque o tempero da comida não seja bom o suficiente, o cozinheiro seja incompetente, ou o seu paladar seja simplesmente exigente ou até mesmo agressivo demais. Mais tarde estamos satisfeitos com nada, integrados por bobagens, tranformando dias úteis em minutos ainda mais inúteis que os nossos domingos infelizes, quentes e insuportáveis.
 Estes serão nossos sacrifícios sem dor, trauma ou arrependimento. Ações que, com clareza, trarão aos nossos olhos uma satisfação jamais vista ou sentida antes. O prazer de fazer o que queremos, sem data marcada nem hora para terminar. Prazeres. Dos individuais aos mútuos e esquisitos. Dentro de cada um, o simples sentido de sermos únicos; dentro de todas as particularidades e semelhanças que nos diferem.
 Não temos razão para julgar. E não há por que sermos julgados. Não queremos e não fazemos porque não queremos, pois sabemos que se quizessimos, já estaria feito sem que ninguém pedisse. Pois existe liberdade espalhada pelo ar. Literalmente, respiramos liberdade, prendemos no peito e, por medo de conceitos e preconceitos, a deixamos morrer, levando consigo a maior das forças. É estranho pensar em prender a liberdade, libertá-la ou matá-la; mas é certo e não há erro de cálculo. Se ela existe, que cessemos nossas vozes para apenas tentar usá-la. Encontraremos redenção dentro de nós mesmos. O mundo pode não concordar conosco, mas inevitavelmente ele terá que nos respeitar. No fundo sabemos que não somos únicos de uma certa maneira, mas que escondemos nossa maneira certa de sermos únicos.
 O que estamos reinvindicando, afinal? Não é nada. Nosso senso de vontade própria não aparece sempre e, portanto, ele não poderia deixar de estar aqui, traduzido em conjuntos de palavras estranhas. Ir e vir, pensemos nisso - não é difícil. Aprendemos que justificativas devem ser dadas aos tolos, mas que amigos não precisam delas e que inimigos sempre irão duvidar da nossa causa e nos fazer fracassar.

 Não é uma revolução, talvez no pensamento, mas ainda assim não é uma revolução. Nossa alma grita em poderosos megafones, não mais alto que as bandeiras de nossas vontades, estendidas na tentativa de nos fazer enxergar que a vida está escapando por entre os dedos, e que não temos dedicado tempo para nós mesmos. Nossa diferença no mundo deixará marcas presentes por gerações, enquanto não haverá diferença dentro de nós mesmos. Continuaremos sendo a mesma casca espessa e oca, tentando agradar aos alheios.
Tão criticos que por vezes nos perguntamos aonde estamos e o que estamos fazendo aqui.


 Partes do todo, é o que somos. Por entre sons e ruídos que não podemos identificar, através de belos olhos e almas impuras. Nosso corações são reconhecidos mas nunca foram descobertos por ninguém, perdidos na mesma escuridão, onde ninguém se toca. Todos tão cegos e sãos. Além disso, não sentimos pois não queremos sentir, e não vemos pois nos recusamos a ver. Não queremos pois não nos pertence, mas pertence ao todo, e como inseridos nele, talvez nos pertença; em partes, ou não.

♪♫ Fear

OneRepublic - Fear (Tradução e Música)

Sem dormir, hoje.
Nem mesmo posso descansar ao pôr-do-sol.
Sem tempo; não é o bastante.
E ninguém me observa agora.

Quando éramos crianças nós brincavamos...
nas ruas, mergulhados apenas em nossos destinos.
Quando éramos crianças nós diziamos...
que ainda não sabíamos o significado de... medo.

Eu queria não saber o significado de...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

A Sujeira

 Mãe e filha se mudaram para os altos andares de um condomínio de luxo. Graças a generosa pensão do ex-marido rico, a mãe levava a vida confortavelmente e sem demais preocupações; e por muitas vezes, sua mordomia chegava a níveis espantosos. Sua filha, muito bem criada e educada, sempre fora uma garota perspicaz e observadora; ao contrário da mãe, não se dava aos prazeres de montar na pensão de seu pai para satisfazer suas vontades particulares, mas também tinha uma vida bastante abundante.
 Todos os dias a filha acordava bem cedo, passava alguns minutos cuidando de si mesma e logo depois se dirigia à cozinha para preparar o café da manhã. Já a rotina da mãe permanecia estável. Se levantava preguiçosamente e logo corria para a cozinha para matar sua fome. Enquanto sua filha degustava cada item posto à mesa, a mãe apenas servia-lhe uma xícara de café quente, e colocava-se em frente a uma grandiosa janela de vidro que se estendia poderosamente do chão ao teto.

 Uma expressão de nojo e desgosto formava-se no rosto da mãe enquanto observava o prédio menor, em frente a janela. Entre um gole e outro de café, comentava com sua filha sobre a enorme sujeira no prédio vizinho. Quanta imundice! Paredes sujas, muros mal conservados, piscinas em péssimo estado... que horror. Até as pessoas lá embaixo são sujas. Com apenas um resmungo, a filha concordava com cada argumento usado pela mãe, e assim manteve-se durante semanas, enquanto a sujeira no prédio ao lado acumulava-se ainda mais.
 Certo dia, depois de todos os preparativos matinais, a mãe colocou-se de volta a janela para observar seus vizinhos podres, mas logo lhe bateu aos olhos uma surpresa! O prédio vizinho estava limpo, os muros restaurados, as piscinas brilhavam cristalinas e as pessoas estavam impecáveis em seus trajes casuais. Espantada, a mãe reinvindicou. Mas o que houve com essas pessoas? Elas parecem mais limpas que nós... Sua filha, despreocupada, lhe respondeu. Elas sempre estiveram mais limpas que nós, mãe; eu apenas limpei nossa janela hoje de manhã.

Este texto é uma adaptação de Janela Suja, de Alexandre Fernandes.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Fun Fucking Afternoon

 O dia começou às quatro, quando finalmente encontrei coragem para desligar a TV e levar meu prato vazio do almoço para a cozinha, arrumando tudo em seguida. Não sei ao certo o que houve antes disso. Me lembro apenas dos sonhos estranhos estimulados por um cansaço incomum. Desabei em sono profundo; tão profundo que o fato de estar de calça jeans não me impediu o sono nem por um segundo. Para não deixar mais um relato da minha vida mais massante que o literal, estou deixando de lado a forma cronológica dos fatos; afinal, não há nada de interessante nas minhas manhãs de caldeireiro.
 Vendo entrevistas hoje na TV, ganhei uma porção extra de inspiração, vinda de alguns artistas que há muito já admirava. Logo depois pensei em tudo que conquistei até aqui e se todos esses trapos serão vistos algum dia daqui alguns anos. Muito me surpreendo ao ler certas coisas descritas por mim há meses. Minha memória não é das melhores, mas eu conheço as palavras que escrevo e sei aonde as coloquei.

 Rindo dos meus próprios infortúnios, concluí que é magnífico saber lidar com algo que não faz parte de mim, mas que está integralmente ligado aos gritos que eu gostaria de dar e nunca pude, ou aos murros que sempre quis desferir mas usei a parede como alvo para não ser preso. Longe de toda a violência, a ligação poderia ser mais simples, relacionada as opiniões que nunca foram expressas, ofensas nunca ditas e até mesmo com um lado sombrio que já se tornou natural. E muita coisa no mundo ainda consegue me abalar, ainda que nenhuma delas tenha me impedido de me colocar de pé mais uma vez, para rir cinicamente na cara desse mundo imbecil.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Arrependimentos

 Nas horas que você não pensa corretamente, sentindo e sabendo que o impulso está te levando e dominando por completo suas ações, tudo influencia para que você não pense nas consequências. Caso chegue a pensar, sabe que será apenas para manter o foco das ações precipitadas, talvez reconhecendo que independente da reação de qualquer pessoa, você foi guiado por algo maior que você e que as opiniões alheias. O nome disso é instinto - uma honra para os homens que sabem como usá-lo.
 Não é comum. Não em mim. Normalmente me arrependo falsamente para alcançar algo que quero muito. Me parece bastante conveniente e insensível talvez, mas eu não poderia mentir diante da minha momentânea agonia. Você pensa que estou arrependido de algo que fiz, mas eu afirmo: não estou.
 Dizer que existe algo pior e mais corrosivo que o típico arrependimento pode parecer loucura, mas existe. E por mais uma pífia vez eu pensava que nada poderia piorar, quando num relance, minha afirmada maturidade não havia exterminado toda a minha ingenuidade. Assim, formei armas contra mim mesmo.
 Tente manter o foco em coisas feitas por você que seriam facilmente julgadas pela sociedade. Se você as comete e o sigilo se mantém, considere satisfatório; caso o sigilo se quebre, será julgado e talvez punido.
 Agora pense na possibilidade de não ter feito nada do que passou pela sua cabeça. Tudo pelo simples medo de ser julgado e punido, colocando seu orgulho à frente de tudo e acima de suas próprias vontades. Calculando cada passo e agindo de forma fria. Logo você não comete aqueles erros, seu corpo e mente parecem estar treinados e aptos a te obedecer de forma sólida. Por um longo momento você se torna dono de si mesmo e conhecedor de suas trilhas, deixando de lado uma discreta e maldita dor que logo poderá bater à sua porta, te chamando para dançar melancólicamente.

 Depois que tudo passa seu mundo se fecha numa esfera vazia e comprimida. Você reciocinou corretamente, evitou o escândalo, deixou de agir tomando outras formas para outros fins, alcançando o momento em que todos os esforços foram vãos, e que agora será impossível retomar o que se perdeu pela sua incompetencia.
 Existe um nó na garganta e lágrimas que se recusam a desabar. De forma estranha e demasiado complicada, uma força te puxa para baixo, a cada segundo mais fundo e ainda pior, como se você se afogasse na sua própria mente, percebendo então que cada palavra escrita na 2ª pessoa do singular apenas reflete sua vergonha de estar completamente arrependido de tudo que você não fez.

- Sérgio, seu grande idiota - disse ele a si mesmo.

Teste: Tolerância


 O blog Minha Vida anunciou um teste de tolerância bastante interessante. São oito perguntas rápidas e objetivas que funcionaram, pelo menos pra mim, que ando estressado com um bocado de coisa banal, porém irritante.
 Quero lembrar a todos os leitores de que testes são testes e que a vida difere completamente deles. Você não encontrará respostas definitivas e nem soluções para os seus problemas, mas apenas uma forma simplificada - como um atalho - que te ajude a solucionar. Nunca fui fã da auto-ajuda, mas sempre gostei de testar alguns testes só pra ver se eles realmente funcionam e sabem de alguma coisa. Para realizar o teste de tolerância, clique aqui!

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Uni Versos

 No momento meus músculos doem e eu quero dormir para não ter que acordar cedo amanhã, mas uma parte fundamental dessa estranha rotina não está completa. Por isso a postagem será breve, algo simples para expressar algo único, - e um tanto quanto simples.
 Mergulhar em infinitas possibilidades é ter o prazer em se afogar e descobrir que o mundo, que dias antes era bastante grande na sua cabeça, e incondicionalmente enorme e ao mesmo tempo compacto demais. Com as distâncias se encurtando, tudo está ficando tão aperfeiçoado, de um modo generalizado e ainda assim particular. E dentro disso, é abrasivo ser parte integrante e saber que você não gira apenas em torno do seu mundo de paredes fixas, mas que muitos outros mundos giram em torno de tudo o que você faz.
 Logo é possível estar sozinho sem nunca estar solitário; saber com quem contar e o que contar. Diante do tempo e da temperatura; imaginar, viajar adentro de infinitas idéias; criando, planejando e estudando formas ousadas de se aproximar do surreal e tocá-lo com a alma.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Certezas

 Um dia me ensinaram a construir meus sonhos. Disseram-me que a areia seria perigosa, levada pelo vento impetuoso, abandonando minhas bases e me fazendo desmoronar. Em contrapartida, haviam rochas firmes e pesadas das quais me garantiram que, se eu construísse meus sonhos em cima delas, eles jamais desabariam.
 Pensando em decisões e afins, acho que seja difícil escolher entre certo e duvidoso, quando nada parece sólido demais. De parábolas e metáforas se compõem ilusões; e pensando em si mesmo como um ser humano e limitado, é possível crer que não somos sementes e que muitas vezes nossa colheita pode nos reservar surpresas bem além do que plantamos, seja bom ou ruim.
 Se um livro fosse escrito para responder todas as questões da humanidade, tudo seria bem mais fácil. Mas penso em quem seria bravo o suficiente para desafiar a vida e todas os seus fortúnios e infortúnios. Afinal, é fácil confiar em qualquer álibi quando se está fraco. Chega um momento em que a fragilidade mostra-se mais perigosa que um assassino com nada a perder, ou simplesmente te transforma em um.
 São, afirmo que não estou falando de religiões ou crenças; não me refiro a dogmas, doutrinas, seitas ou rituais. As curiosidades sobre o mundo que explodem na minha cabeça nascem da própria carne humana, a mesma carne que morde em frenesi e assopra sem pudor. Tua carne, a minha carne.
 De fato, não são os controladores em si, mas os fantoches que me assombram. Uma vez que se rebelam contra os criadores, formam exércitos repletos de independência e vida própria, todos dotados de insanas oportunidades, dispostos a realizar o improvável pela chance de se tornar reconhecível. Como o pobre Pinochio ansiando tornar-se um menino de verdade. E por que razões? Se a dor certamente não lhe faz nenhuma falta, assim como qualquer sentimento dentro do seu coração de madeira que nunca bate.
 Então, onde estão aninhados os seus sonhos e onde está sua garantia nesta terra manchada de sangue? Se todas as suas apostas falharem e suas dívidas não puderem ser pagas, você aceitaria morrer por tudo que julga certo e por todos aqueles que você julgou culpado? Se existe mesmo uma razão para provar mão e contra-mão, apontando dois caminhos únicos e distintos, onde estão as centenas de chances do mundo? E onde foi parar o seu livre arbítrio, se em todo canto gritam: "Não há escolha! Não há saída!"
 Se pudessem convencer você de que tudo está errado, que na verdade seus olhos enxergam a vida de ponta cabeça, que as nuvens carregadas são o limite do céu e que fatalmente o inferno existe e não há vida em nenhum outro lugar a não ser bem aqui: no metro quadrado que abriga você e todas as escolhas que você tomou para se tornar o que é hoje. Na conclusão dos meus pensamentos acerca de tantas perguntas, a indesejável morte continua sendo a única certeza, enquanto o resto permanece probabilidade, quando certamente o temido se jamais existiu.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Maus Filhos

 Eles não usam drogas, bebem ou fumam. Não se tornam pais na adolescência e nem sequer chegam tarde em casa. Não cometem crimes e evitam falar palavrões. Nunca chegaram bêbados em casa e não precisam pegar dinheiro escondido dos pais. Na maioria dos casos - nunca tomaram bomba na escola e quase não matam aula. Porém, eles deixam de lavar a louça, não arrumam seus quartos, passam algumas horas em frente o computador e ainda reclamam por serem comparados com seus irmãos, primos, ou filhos de quem quer que seja. Gente assim precisa ouvir poucas e boas, não é mesmo, dona Lourdes?

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Diário do Blogueiro Iniciante V

 Entre rápidos trapos e muitos problemas para resolver, meu tempo como blogueiro veio se esgotando pouco a pouco, o que não significa que devo parar - e não vou. Já são quase seis meses desde a última página deste diário, que nunca fez jus ao nome, mas ficou sendo chamado assim devido a popularidade dada a quaisquer arquivos pessoais de qualquer pessoa - diários como todos já conhecem.
 Enfim, o TRAPO não é apenas um blog - não mais. Agora, além de serem dois blogs (TRAPO games), é também um caderno de perguntas e um beta para o twitter e orkut. Desde sempre tive consciência de que o blog cresceria e que suas origens seriam expandidas por aí, num efeito ação-reação que eu adoro. Mesmo reconhecendo tais consequêcias, o efeito me surpreendeu. Fãs e haters tornaram disso parte da minha vida, e o melhor de tudo é saber que nunca deixei de viver pelo blog.
 Aprendi que hobbies podem ser alimentados até que você se torne o próprio alimento, por isso sei que é preciso controlar útil, agradável e obrigatório. Estou feliz e por vezes preocupado com o número de acessos, comentários e seguidores. Como todo bom blogueiro, já passei por momentos difíceis no TRAPO, como ficar dias sem acesso algum, sentindo como se minhas idéias estivessem vagando no espaço.
 Enfim, não tenho horários marcados ou dias certos para postar. No início de tudo, pensei em criar uma agenda de postagens, mas a mera tentativa me causou grande estresse e dores de cabeça. Provei a mim mesmo que uma lista de tarefas é o primeiro sintoma de qualquer louco hiperativo.
 Levando naturalmente e trocando seis meses em poucas palavras, o TRAPO tornou-se algo grande e extremamente casual. Não existe plano, afinal, não é minha obrigação, mas sim minhas vontades. Muitos leitores aguardam ler mais e mais, entendendo que tenho uma vida fora disso, e tudo isso na minha vida.

Diário do Blogueiro Iniciante: 1 • 2 • 3 • 4 • 5 • 6

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ensino Médio - 1º Ano

CENTEC Contagem
 2007 se foi depois de repetir a 8ª série. Era o fim de mais uma etapa, comemorada em uma noite bombástica de festa e despedida. De longe, a melhor festa escolar em que já estive presente - minha festa de formatura. Mas as dores no corpo do dia seguinte já diziam que mais uma jornada estava contada à começar depois das inúteis férias.
 Referências, elogios e muitos testemunhos. Amigos me queriam por perto; a indicação funcionou e através de uma prova fácil estive dentro de uma das escolas públicas municipais de maior nome da minha cidade - o CENTEC. Esse novo e desconhecido horizonte me causou pressa e ansiedade. O fato de mal saber o que enfrentar na segunda etapa escolar foi tenso, mas até a metade de fevereiro tudo já estava acertado. Materiais novos, descontração, professores exemplares (e suas exceções) e uma estrutura dinâmica regada por gente nova e perdida.
 O primeiro dia de aula deixa aquelas lembranças únicas, como o grupo de CDFs otários que começou a se formar perto da porta, os primeiros amigos confundindo meu nome e me chamando de Diego (?), uma risada louca que soltei por motivos que não lembro; e é claro, a garota que olhei e pensei "com essa eu me caso". Este dia legal serve também para analisar pessoas sem ao menos conhecê-las, escolher alguém legal para me acompanhar durante os intervalos, e provar e aprovar (ou não!) a comida da cantina.
 Primeiras semanas. Alguém escrevia nomes de famosas bandas de rock ao redor de um guitarrista desenhado na página de frente do fichário, meu interesse era súbito. Perguntei o nome dela e assim nasceu uma nova amizade, dentre altos e baixos que viriam a seguir. Ainda no primeiro mês conquistei inconsequentemente uma outra garota com apenas um elogio; desses rolos que se arruma no início de ano. Logo soube que uma outra garota estava interessada em mim, e quando ouvi o nome dela não acreditei. Dias depois me aproximei ainda mais, levando comigo uma certeza inabalável daquele sentimento. Encerrando por aqui, nunca imaginei que pudesse encontrar alguém que quebrasse meu recém-formado orgulho e me fazesse chorar como criança. Segundo alguns amigos, meu persistente sentimento por ela não era humano. Entretanto, se o que senti por ela foi mesmo amor, posso afirmar que amei poucas pessoas na vida, e que minhas lágrimas de amor e raiva nunca foram correspondidas.
 De certa forma, o CENTEC era prepotente - como eu. Estar ali dentro me dava a ilusória sensação de ser melhor só porque a escola, de fato, possui um nome a zelar. Com o tempo percebe-se que não é isso tudo. Foi inevitável perceber que a garota pra casar não servia nem pra ficar, e que ela me odiava sem motivos específicos; os professores chatos são mesmo insuportáveis e os legais sabem que são legais e por vezes abusam do elogio; e a diretoria que causava medo virava piada na boca de toda a escola. Os alunos destaque nunca deixaram de ser, apenas ficaram mais podres e insuportáveis; alguns melhores amigos se corromperam e foram inevitavelmente arrastados pela maldita onda que compõe a maioria. Porém, eu não esperava que certos estranhos provariam ser os meus verdadeiros amigos de todas as horas.
 Da metade para o final, o ano letivo se tornou massante e muito cansativo. Aulas pareciam dias e a vontade de chegar em casa era crescente e inexplicável. A essa altura meu círculo de amigos já estava formado, e por mais que as aulas de filosofia (as melhores do mundo!) tentassem aproximar a classe como um todo, os grupinhos sempre foram inevitáveis. Foi também neste período que um louco projeto de banda ganhou vida, partindo de mim e de alguns amigos, que até hoje se fazem presentes. Além disso, a garota pra casar, que não era pra casar e passou a me odiar, virou minha amiga. Fiquei feliz por isso.
 Com o final do ano se aproximando, muitos já possuiam a certeza de ótimas notas para o boletim, mas a maioria fanfarrona - incluindo eu - temia o pior. No último trimestre o esforço de todos os desesperados era notável e até mesmo engraçado. Depois de cansativos trabalhos de recuperação e provas de suar a alma, sobrou pra mim o desafio mor: a decisiva prova de 100 pontos; no meu caso, para protuguês e física.
 Prova feita, e alguns dias antes do sufocante resultado, uma festa de quinze anos entrou para a história e marcou a despedida de uma figuraça, amiga minha, que hoje mora lá no Paraguai. No dia 19 de dezembro, lá estou eu descendo do ônibus para conhecer meu destino, era aniversário de um dos meus melhores amigos, mas o presente certamente foi meu. Aprovado, eu só conseguia pensar nas próximas férias, e no retorno ao CENTEC para o 2º ano do ensino médio.

Série Ensino Médio:
 Ensino Médio - 1º Ano
 Ensino Médio - 2º Ano (Parte II)
 Ensino Médio - 3º Ano

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Como NÃO USAR o Orkut

 Sim, ele é e sempre foi perigoso; mas pior do que ele são os instrumentos orgânicos desprovidos de massa cinzenta que o utilizam - gastei meu vocabulário para não ter que chingar. Desta vez saio em defesa do orkut pois lógicamente cada um tem o seu perfil e em função disso torna-se responsável pelo que posta e divulga. Mais uma vez, é a inclusão digital em ação - f#dendo a vida da galera (de novo).


 De fato é uma montagem fácil de fazer, mas infelizmente é real.
 Os mais curiosos podem conferir na integra, clicando aqui!

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

TRAPO Arrasa!

 Esse era o nome de mais uma comunidade inútil do orkut, mas em vez de TRAPO no título, era o nome de alguém que deseja - clara, óbvia e unicamente - aparecer. Mas antes que me venham com conversinha fiada me chamando de contraditório por falar e não fazer, eu admito - e acho que já fiz isso antes - que também quero aparecer! E que vá à merda aqueles que declaram seu próprio anônimato. Parem e pensem comigo: se você está anônimo e não deseja ser visto, qual é a por#@ do motivo de se declarar anônimo? Talvez a frase correta seria: "Estou necessitado de atenção. Dá um tiquin?". Então se você acha que eu quero aparecer, acertou! E mais, quero que me sigam e aprendam comigo - ignorantes.
 Bem, acho que o parágrafo acima foi suficiente para o desabafo; nada melhor que começar o fim de semana descarregado desses comentários petulantes. Quem tem um blog sabe que muita gente passa a gostar de você e muita gente passa a detestar você, seu blog, sua família e seu cachorro. Tomando a fatídica teoria como regra, o TRAPO subiu de nível e alcançou o coração das pessoas!
 No momento, com cerca de míseras nove mil visitas desde a sua criação, com apenas 83 seguidores, postagens periódicas e pouca divulgação... esse blog me impressionou. Programei a primeira postagem de fevereiro para mais uma página do meu diário de blog (leia aqui!), mas tive que interromper os planos para divulgar o impacto - positivo, negativo e meio termo - que o TRAPO tem causado por aí...
 Pessoas quem amavam este blog agora declaram que ele é uma obra satânica e que - é claro - eu sou o próprio Demônio. Outros que mal se interessavam por qualquer coisa relacionado a isso passaram a se interessar e o melhor de tudo, interagir com o blog e suas diversas vertentes. Mas impressionante mesmo é saber que alguns seres choram e imploram para que certos leitores parem de ler o TRAPO. Bem, não estou chateado; ao menos a cara da pessoa faz parte dos seguidores do blog. Estranho né? Mas foda-se!
 Acima estão os exemplos marcantes, mas as manifestações emocionais não param de aparecer. Dentre pessoas que pensam e mudam seus conceitos lendo o blog, até outras personalidades raras comunicativas que dão boas risadas e me ligam dizendo "Nossa, li tal coisa no seu blog. Muito bom mesmo...".
 Meu blog serviu de inspiração inicial para a criação de outros. Minhas idéias fluiram ainda mais, dando origem ao TRAPO games, que pouco a pouco tem ganhado espaço no âmbito virtual, graças ao apoio de amigos fiéis. Entretanto, não estamos nem à grande nível de influência, mas estamos alcançando nosso espaço e nos tornando ainda maiores. Estamos esmagando invejosos com palavras de sinceridade e bom senso. Declaro isso no plural pois apenas eu tenho o controle do meu blog, mas esse trabalho não seria nada sem as pessoas que me apoiam, e sem a presença de cada rosto estampado nos meus seguidores.
 Arrancando doses de atenção e transformando conhecimento vulgar em pensamentos revolucionários, tenho trabalhado por um propósito fixo; para fazer tudo dar certo. Não quero mudar o mundo pois acredito que se tudo fosse perfeito demais a idéia TRAPO morreria junto com a minha luta. Sem medo, ainda quero meus opositores vivos, um dia fortes e ainda mais perigosos; justamente aderidos à causa.