segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Ensino Médio - 1º Ano

CENTEC Contagem
 2007 se foi depois de repetir a 8ª série. Era o fim de mais uma etapa, comemorada em uma noite bombástica de festa e despedida. De longe, a melhor festa escolar em que já estive presente - minha festa de formatura. Mas as dores no corpo do dia seguinte já diziam que mais uma jornada estava contada à começar depois das inúteis férias.
 Referências, elogios e muitos testemunhos. Amigos me queriam por perto; a indicação funcionou e através de uma prova fácil estive dentro de uma das escolas públicas municipais de maior nome da minha cidade - o CENTEC. Esse novo e desconhecido horizonte me causou pressa e ansiedade. O fato de mal saber o que enfrentar na segunda etapa escolar foi tenso, mas até a metade de fevereiro tudo já estava acertado. Materiais novos, descontração, professores exemplares (e suas exceções) e uma estrutura dinâmica regada por gente nova e perdida.
 O primeiro dia de aula deixa aquelas lembranças únicas, como o grupo de CDFs otários que começou a se formar perto da porta, os primeiros amigos confundindo meu nome e me chamando de Diego (?), uma risada louca que soltei por motivos que não lembro; e é claro, a garota que olhei e pensei "com essa eu me caso". Este dia legal serve também para analisar pessoas sem ao menos conhecê-las, escolher alguém legal para me acompanhar durante os intervalos, e provar e aprovar (ou não!) a comida da cantina.
 Primeiras semanas. Alguém escrevia nomes de famosas bandas de rock ao redor de um guitarrista desenhado na página de frente do fichário, meu interesse era súbito. Perguntei o nome dela e assim nasceu uma nova amizade, dentre altos e baixos que viriam a seguir. Ainda no primeiro mês conquistei inconsequentemente uma outra garota com apenas um elogio; desses rolos que se arruma no início de ano. Logo soube que uma outra garota estava interessada em mim, e quando ouvi o nome dela não acreditei. Dias depois me aproximei ainda mais, levando comigo uma certeza inabalável daquele sentimento. Encerrando por aqui, nunca imaginei que pudesse encontrar alguém que quebrasse meu recém-formado orgulho e me fazesse chorar como criança. Segundo alguns amigos, meu persistente sentimento por ela não era humano. Entretanto, se o que senti por ela foi mesmo amor, posso afirmar que amei poucas pessoas na vida, e que minhas lágrimas de amor e raiva nunca foram correspondidas.
 De certa forma, o CENTEC era prepotente - como eu. Estar ali dentro me dava a ilusória sensação de ser melhor só porque a escola, de fato, possui um nome a zelar. Com o tempo percebe-se que não é isso tudo. Foi inevitável perceber que a garota pra casar não servia nem pra ficar, e que ela me odiava sem motivos específicos; os professores chatos são mesmo insuportáveis e os legais sabem que são legais e por vezes abusam do elogio; e a diretoria que causava medo virava piada na boca de toda a escola. Os alunos destaque nunca deixaram de ser, apenas ficaram mais podres e insuportáveis; alguns melhores amigos se corromperam e foram inevitavelmente arrastados pela maldita onda que compõe a maioria. Porém, eu não esperava que certos estranhos provariam ser os meus verdadeiros amigos de todas as horas.
 Da metade para o final, o ano letivo se tornou massante e muito cansativo. Aulas pareciam dias e a vontade de chegar em casa era crescente e inexplicável. A essa altura meu círculo de amigos já estava formado, e por mais que as aulas de filosofia (as melhores do mundo!) tentassem aproximar a classe como um todo, os grupinhos sempre foram inevitáveis. Foi também neste período que um louco projeto de banda ganhou vida, partindo de mim e de alguns amigos, que até hoje se fazem presentes. Além disso, a garota pra casar, que não era pra casar e passou a me odiar, virou minha amiga. Fiquei feliz por isso.
 Com o final do ano se aproximando, muitos já possuiam a certeza de ótimas notas para o boletim, mas a maioria fanfarrona - incluindo eu - temia o pior. No último trimestre o esforço de todos os desesperados era notável e até mesmo engraçado. Depois de cansativos trabalhos de recuperação e provas de suar a alma, sobrou pra mim o desafio mor: a decisiva prova de 100 pontos; no meu caso, para protuguês e física.
 Prova feita, e alguns dias antes do sufocante resultado, uma festa de quinze anos entrou para a história e marcou a despedida de uma figuraça, amiga minha, que hoje mora lá no Paraguai. No dia 19 de dezembro, lá estou eu descendo do ônibus para conhecer meu destino, era aniversário de um dos meus melhores amigos, mas o presente certamente foi meu. Aprovado, eu só conseguia pensar nas próximas férias, e no retorno ao CENTEC para o 2º ano do ensino médio.

Série Ensino Médio:
 Ensino Médio - 1º Ano
 Ensino Médio - 2º Ano (Parte II)
 Ensino Médio - 3º Ano

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