terça-feira, 29 de março de 2011

Politicagem

 Abençoados são aqueles que conseguem praticar a politicagem. Minha crítica não está mirada contra a peculiar politica já conhecida por todos nós. Mas contra pessoas que jogam por seus interesses, fingindo atenção a quem não lhe agrada, dedicando-se exclusivamente à sua imagem social.
 Tentei muitas vezes, mas em casos de pessoas com o meu temperamento, não adianta fingir educação e boa vontade à quem não lhe interessa. Cedo ou tade você explode; e caso consiga fingir, acaba se saindo bem no ponto de vista alheio, mas sua consciência permanecerá ferida pela sua própria traição.
 Falando assim, parece até errado tratar bem as pessoas e adaptar-se às mudanças. O verdadeiro desafio na politicagem está em conseguir sobreviver à tudo, enfrentar à todos, carregando o mesmo sorriso cínico na cara. Traduzindo rapidamente, é jogar no time da boa vizinhança para garantir uma moralzinha extra.

Identificando Politiqueiros
 Basicamente se encaixam num perfil padrão. São diferentes como pessoas mas seus objetivos definem suas ações e reações para toda e qualquer situação envolvendo o jogo de interesses. Politiqueiros sempre jogam no time que, provavelmente, vai ganhar. Não querem causar confusão ou alvoroço, e por isso, sempre concordam com o mais sábio da mesa. Podem ser machistas e feministas; tradicionais, neutros ou liberais, depende do grupo que compõe a maioria.
 Seus alvos são pessoas influêntes socialmente, abrindo exceções para alguns parentes, responsáveis por traçar seu perfil politicamente correto diante de toda a família. Suas concordâncias e seus bons modos agem diretamente em pessoas com as quais possui pouco relacionamento e intimidade. Este pouco relacionamento com seus alvos se deve-se à manter seu autocontrole; afinal, se um politiqueiro domina emocionalmente alguma pessoa, ele será capaz de qualquer ameaça ou pressão psicológica para que os mais achegados venham a concordar com ele e suas idéias.
 Politiqueiros sempre riem quando lhe contam piadas e lamentam quando o assunto é triste. Procuram manter-se equilibrados nas cordas do seu alvo. Sua liberdade de expressão e seu comportamento será sempre limitado ao comportamento do alvo e à liberdade que o alvo lhe dá. Sutilmente, tentam manter em alta seus conhecimentos sobre assuntos de interesse do alvo. São falsos-moralistas. Tratam o mundo como injusto e a si próprios como injustiçados. Fogem da vergonha por mais necessária que ela seja.
 Finalmente, seus objetivos se limitam num código calculista: manter boas aparências e um alto status perante a sociedade. Seus companheiros devem lhes apoiar sempre, e caso discordem de algo, basta que permaneçam calados. Seus filhos devem ser os melhores, criados à partir de regras sólidas e padrões sociais; esses adolescentes, em especial, são retraídos à suas escolhas, pois sempre pensam numa possível reação negativa vinda de seus pais politiqueiros - grande parte precisa de um psicólogo.

 Eu não espero que você entenda, concorde ou discorde das explicações acima. Cada palavra descrita foi baseada nos meus estudos quanto à politicagem, enquanto estive por observar alguns praticantes.
 Esta é a minha crítica contra um bando de mascarados que dançam conforme a música. Homens e mulheres incapazes de expor suas idéias reais ou pôr em prática seu bom senso, incapazes de deixar de lado seu egoísmo em querer que o mundo lhe prestigie e lhe considere por seu renome.
 Apesar de tudo, admiro a inteligencia e a frieza dos politiqueiros e deixo claro que eu gostaria de ser assim. Podendo me posicionar na moldura da sociedade, trajando as vestes da ordem e da decência, jogando como manda a regra e controlando e manipulando cada mente ao meu favor. Destruindo a vida dos meus filhos, que só querem o meu apoio e a minha atenção quando a sociedade os julga inadequados.

"O Politiqueiro é gente mas também é sítio. Quer ser politólogo pelo gosto da escrita,
 e escritor porque não sabe ser político." (Autor Desconhecido)

sábado, 26 de março de 2011

Perfis, Profiles, Porcarias...

 Você sabia que grande parte dos acessos aqui no TRAPO são direcionados pelo meu perfil do orkut?
 Sim, o local reservado exclusivamente à descrição pessoal tem seus poderes mágicos, saiba usá-lo e não transforme algo útil em pura idiotice.
 Começando pelo início, quando não há nada descrito no seu perfil, o site lança frases estratégicas para estimular você a escrever algo. Não é fácil descrever-se assim, rapidamente; e concordo com as pessoas que ressaltam não poderem definir tudo sobre elas, esta é uma verdade inquestionável e tão óbvia que se torna dispensável ao perfil. Não seja tão previsível. Se não tiver nada inteligente em mente, poupe neurônios e não escreva. Seu silêncio será valioso, e dará espaço às pessoas que ainda não te conhecem. Tente também alguma imagem do Profile Posters, ela pode falar mais por você do que você imagina.
 Pertindo daí, podemos localizar pessoas tão incapazes, que preferem deixar que outros falem por ela. Estou falando das famosas invasões, o que para mim tem o nome apropriado. Não interessa o seu nível de afinidade com outra pessoa, deixar que ela te defina é um exagero incomum. Talvez eu esteja levando esse papo de perfil muito a sério, mas particularmente, o que é pessoal é pessoal, das minhas cuecas aos meus perfis da internet, e ninguém vai meter a mão aqui pra queimar o meu filme com baboseira emotiva.
 Muitos tópicos espalhados pelo mundo virtual possuem dicas úteis de customização de perfil, mas não é disso que eu estou falando. Certamente você sabe que quando o texto é grande, ninguém anima em ler; por isso existem os blogs. Na necessidade de lotar seu perfil com bobagens copiadas de algum outro site, crie um blog e poste o que quiser nele, ao menos quem acessá-lo estará interessado em ler alguma coisa. Lembre-se que tudo que é demais cansa, por isso tente dispensar textos prepotentes de perguntas e respostas idiotas como o clássico "Me odeia? Pega a fila." Não funcionam e já se tornaram clichês.
 É curioso e divertido ver como muitos otários adoram fazer propaganda de marcas famosas, assinando seus perfis com a logo e o nome das marcas. Atualmente o mundo anda tão carente e desesperado que basta ter um símbolo comumente usado nas ruas inserido no seu perfil, que um monte de Marias Etiqueta caem morrendo de amores pelo sujeito; mas acredito que casos como estes se encaixariam melhor no próximo trapo da série burrice afetiva opcional. Tenha certeza que muitos destes maus exemplos não ganham cachê da marca que patrocinam e não possuem renda para bancar vestuário daquela marca. Ignorantes e afins que pensam que ser bonito é ter uma marca à exibir no lugar de um cérebro.
 Falando de propaganda, me lembrei de muita gente que estressa quando posta algo novo no perfil e seus amigos não se importam. Mas pior que querer chamar a atenção do mundo, é querer chamar a atenção de apenas uma pessoa. Existem perfis dedicados à isso. Não me leve a mal, mas me parece um pouco... desesperado. É como declarar-se objeto exclusivo de outra pessoa e, acredite, ao ver isso, a pessoa homenageada se sentirá no controle. Amor ou não, de fantoches humanos o mundo está cheio.
 Mudando o disco, muitos aderem ao lado musical. De fato, existem músicas que se identificam bastante à nossa personalidade, mas que nos limitam à um tema específico. Notem que o aplicativo Minha Música, no orkut de qualquer pessoa, muda constantemente. Não pense que tal pessoa seja indecisa ou não saiba se definir, mas tenha o simples bom senso de entender que não existem musicas definitivas para pessoas inconstantes, e - acredite - todos nós somos. Existirá uma música feita para você em cada fase da sua vida, e você vai se lembrar de tudo quando ela tocar anos depois. Basicamente, a música é uma forma simples e objetiva de definição, independente do gênero - por melhor ou pior que ele possa ser.
 Muitas outras imbecilidades podem ser notadas no perfis da internet, como a falsa-modestia e a cultura pobre de muitos. Começando com frases de Lispector ou de algum outro escritor que me embrulhe o estômago de tanto drama, logo chegaremos ao nível mais baixo, onde uma galera autointitulada humilde reserva suas declarações ao mundo orgulhoso e insensível. Eles pregam a humildade sempre, alertando recalcadas e playboys do seu humilde poder, e contando uma vantagem ou outra sempre que possível. Contraditórios - um dia terão que decidir seu lugar no mundo e estarão perdidos na própria falta de idéias.
 Contudo, tenho que admitir, se todo mundo fosse sensato e inteligente, certamente eu adoraria ser um idiota apático de baixo QI. Existem perfis que não só ultrapassam as margens do bom senso, como também conseguem reunir toda a merda junta. Fede só de olhar; entretanto, viva a inclusão digital!


segunda-feira, 21 de março de 2011

Aham, Sério?

 Vida boa e confortável - um sonho ao nosso alcance. Mas nem tudo é um mar de rosas quando sobra mês pro fim do dinheiro, seu guarda-roupa está mofando e implorando novo vestuário, e tudo o que você não quer saber é sobre como a vida alheia vai bem, especificamente quando vai bem melhor que a sua.
 Não me venha pregar lições de bom humor e falso-moralismo. No manual do ser humano, todos temos o direito de ficar com raiva e não nos sentirmos adequadamente confortáveis quando alguém chega contando vantagem sobre seus enormes esforços em ser bom, ou simplesmente melhor que você.
 Compreendo que, em muitos casos, pessoas disputam ser o melhor em certas habilidades. Já testemunhei amizades sendo destruídas por comparações de notas do colégio, beleza; a clássica disputa do quem pega mais, apostas ainda mais idiotas, jogos em geral, e por aí seguem os afins da discórdia. Minha crítica está direcionada às pessoas que vivem no propósito de se comparar aos outros, pois existem pessoas que gostam de disputar tais futilidades; outras, como eu, não se interessam pela vida dos outros, mas acabam passando a raiva de ter que ouvir os alheios contarem vantagens tolas sobre nós.
 O convite para entrar na dança dessa disputa é tentador. Mas afinal, qual é a maldita razão de querer provar para alguém que você é melhor? Em concursos pode valer um prêmio, um troféu ou algo qualquer que simbolize sua vitória - é digno de respeito; mas fora disso, qual é o sentido? Deixo claro que não estou pregando humildade, mas o orgulho em si, de forma que não seja preciso armar o circo para espalhar boas novas sobre sua vida particular, quando nada de construtivo compõe a sua experiência.

 Tenha em mente que autoconfiança é diferente do tema que estou descrevendo. Saber reconhecer-se superior pode não ser tão ofensivo quanto perturbar a paz de alguém somente para vir falar sobre assuntos e conquistas, na maioria das vezes, vãs.
 Provavelmente, você já deve ter passado - ou está passando - pela fase da vida em que tudo o que você diz é respondido com um f#das, saiba que este irritante processo possui um resultado proporcional às vantagens que você conta. Não é errado se alegrar com a glória dos outros, mas não é todo mundo que quer saber o quão legal, bacana e supimpa vai a sua vida.
 Você que sofre com os super contadores de vantagem do mundo, deve estar aliviado em saber que alguém pansa como você e não aguenta mais ouvir tanta balela.

 Já você que pertence ao ilusório mundo das suas próprias vantagens, deve estar pensando que eu sou só mais um cara infeliz desabafando sobre as diversas encheções de saco do mundo - tais que incluem você; mas como dito logo acima, eu não ligo para o que você pensa. Vai contar vantagem na p#ta que pariu!

domingo, 20 de março de 2011

Biografia ¿!

 Cansado de falar sobre mim. Talvez você também esteja cansado de pensar nos seus problemas e nas variadas formas de resolvê-los ou de escapar deles - o que poderia ser considerado uma solução.
 Tratando-se do título, o que valeria a pena contar em um livro que trata exclusivamente de você?
 Sua vida traduzida em páginas; tudo o que fez ou faz para estar onde está. E muitos ícones precisam morrer para ganharem sua obra não autorizada, enquanto outros se aventuram na autobiografia esperando lembrar-se de tudo, convertendo em palavras suas memórias, das vivências e da existência propriamente dita - se é que realmente exista uma clara diferença entre viver e existir, quando tudo já é tão banal.
 Tentar escrever algo sobre si mesmo não é fácil. É como observar sua vida do lado de fora, e inevitavelmente você acaba enxergando erros que, na literal realidade, você nunca quis assumir. Pode ser assustadora a reação quanto à verdade, tomando conhecimento de que é preciso tornar-se o eu lírico para ver que mesmo o certo pode permanecer certo, ainda que no lugar errado.
 Se minhas reflexões quanto ao tema te deixou confuso, tenho meus objetivos alcançados.
 Agora que sua mente está trabalhando em algo maior que você, tente sair de si por um momento e observar. Sinta, pense e aja como o alterego. Quem é você fora dos seus próprios conceitos?
 Muitos escritores preferem essa vista. Requer uma certa astúcia se fazer de leitor para pensar sobre ações e reações que sua biografia poderia causar. O pensamento em questão abre espaço para outros questionamentos, como qual seria o interesse dos leitores na sua história. O que você era, passou a ser e finalmente se tornou? Se existem ações diferentes e diferença nas ações, tudo pode valer a pena, mas ainda não é o suficiente, e nunca será - independente da sua idade. Tantas dúvidas alcançam a pergunta final, colocando em prova o sentido das biografias, quando não há nada de sério a se tratar.
 Possivelmente, biografias podem trazer uma nova visão acerca da vida do próprio leitor. Funcionando no estilo auto ajuda, ou na mesma linha dos manuais que, fracassadamente, tentam ensinar leitores frustrados e depressivos a como ficarem ricos, conquistarem seus amores e sonhos, seguindo-se os vagões derivados dessa lamentável literatura. Há pouco tempo fui presenteado com um livro repleto de mensagens de um famoso blog. Honestamente, a única idéia que tal presente me causou foi a de transformar o TRAPO em livro. TRAPO escrito - Volume 1 - já pensou? No mais, o presente fora repassado para alguém que, ao contrário de mim, precise ser estimulado à postar algo interessante.
 Sobre a minha biografia, deixarei que alguém a escreva quando eu me for. A obra não será fiél à minha vida, alguém saberá a verdade no caso de alguma mentira, e o amplo salão de dúvidas acerca de mim mesmo será aberto ao público. Experiências parcialmente reveladas, enquanto um bando de curiosos profanam meu sono para saberem mais. Pode parecer sinistro e demasiado estranho, mas é uma forma de manter-se vivo, mesmo que apenas nas mentes das pessoas. Será que é isso que os autobiógrafos realmente procuram? A imortalidade soa ridículo, mas quem a negaria, afinal?


segunda-feira, 14 de março de 2011

Ensino Médio - 2º Ano (Parte I)

 Definitivamente, uma mudança de turno pode significar muito - mesmo que forçada. Dizem que estudar logo pela manhã faz bem ao cérebro e pode render boas notas. Se este for realmente o caso, é verdade - pois meus problemas no 2º ano foram outros, e minhas notas não foram minha maior preocupação.
 Meus amigos ficaram (bomba!), fui o único da banda que escapou da reprovação, e para minha surpresa, o início do 2º ano - ainda que na mesma escola - foi como o início do 1º: poucos conhecidos, gente interessante, professores novos e até mesmo uma radical mudança de hábitos, rotina e amigos.
 Logo nas primeiras semanas, me assustei quando percebi que não estava mais sentado no fundão. Mesmo de frente para a porta, a movimentação do lado de fora não me impediu de estudar. Minha distração nesse início se concentrava numa dupla de garotas divertidas e bem diferentes das outras. Eu não sabia, mas uma delas já me achava bonitinho desde o ano passado, enquanto a outra me odiava (sempre tem um - ou dois - que me odeiam). Pensei que não iria conseguir, mas conquistei a amizade da dupla que, de certa forma, já significava muito pra mim, além de uma especial sintonia que criei com uma delas.
 As novas companhias me motivaram a me aventurar, e quando se tem alguém para trocar idéias, nós sempre extrapolamos para falar mal de alguém - ou de todo mundo. Nesse caso, especificamente, a vítima de nossas calúnias era um casal. Não eram bem um casal, mas se relacionavam como um: brigavam e reatavam em tempo integral, só não evoluiam a amizade para não precisarem se matar. Talvez nossa curiosidade tenha sido tão grande que acabamos nos aproximando dos dois malucos e, um após o outro, tornaram-se nossos amigos também. Assim fora formado o nosso quarteto fantástico, tendo eu como Surfista Prateado (por razões que ainda hoje desconheço, mas que nunca me incomodaram).
 Outros amigos - não menos importantes - compunham um grupo especial, espetacular... fantástico. Juntos éramos invencíveis, capazes de muitas loucuras, apesar de que não participei da maior delas.

 Mas até o meio do ano, muitas surpresas e novidades cairiam como chuva de granizo, fazendo barulho e machucando quem ousasse ficar debaixo. Aquela sintonia surreal fora desenvolvida em um romance breve e marcante. Havendo este passado, nossa sintonia tornou-se mais forte.
 No meio tempo, outra garota havia invadido os espaços do meu coração vibrante. Ainda que todas as amigas dela me achassem feio, estranho, esquisito e anormal, ela se entregou ao sentimento que alimentava por mim.
 Desde então, a sexta-feira do dia 15 de maio marcou para sempre a minha história, como o dia em que decisões foram tomadas e eu finalmente me senti no controle dos meus sentimentos. Enquanto minha artificial chuva continuava caindo, amores antigos reapareceram e logo desapareceram quando descobriram que eu não estava mais sob o controle emocional de ninguém.
 Altos e baixos marcaram todas as minhas formas de relacionamento até o meio do ano, tive até mesmo que enfrentar antigos melhores amigos. Entretanto, soube que havia sido aprovado num curso de aprendizagem; e ainda mais animado, pensei em colocar uma aliança de compromisso no dedo dela.
 Mil e uma idéias voavam na minha cabeça, me fazendo sentir capaz e incrivelmente útil. Mesmo assim, eu nunca soube o que o dia seguinte me reservava. Pelo ritmo das coisas, a tendência era melhorar, mas agora a nuvem de granizo estava especialmente sobre a minha cabeça, e me machucou muito.

Série Ensino Médio:
 Ensino Médio - 2º Ano (Parte I)
 Ensino Médio - 2º Ano (Parte II)
 Ensino Médio - 3º Ano

quinta-feira, 10 de março de 2011

Apagão

 Me despedi, desliguei o computador, carreguei minhas coisas até o carro e por um momento lamentei em deixar pendências para trás, mas era feriado e eu queria dar um tempo de muita coisa - descansar.
 As possibilidades para o período prolongado eram inúmeras, desde ficar em casa aguardando a chamada dos amigos próximos, até viajar para a cidade vizinha visitar eternos amigos de uma inesquecivel temporada. No meio termo, desembarquei em meio a terra do sossego. Seguindo a linha dos meus objetivos, este seria o lugar não tão bom e não tão ruim, mas certamente ideal e encaixado.
 Uma única chuva pairou sobre todos os metros quadrados de tranquilidade durante os dias que seguiam rapidamente as datas vermelhas do calendário. Entre o video-game, leituras fantásticas e um mergulho na piscina transbordante, uma brave parada para admirar o cenário em volta. A bela mistura de cinza e verde, por vezes, fazia perder a noção entre dia e noite; visões simples, fantásticas e subitamente únicas.
 Das faltas, uma companhia iria me fazer bem durante a longa estada. Da liberdade explorei o máximo; sem regras ou horários para comer, dormir e se distrair - não necessáriamente nesta ordem. Da existência, havia eu e minha mente descansada; e absolutamente nada poderia quebrar este elo. Do resto, muitas coisas desapareceram através dos dias, me esqueci de tudo, me livrei das cargas, obrigações e responsabilidades. Em relances, uma suave vontade de voltar para casa surgia, sendo esmagada pelo ilusório pensamento de que aquele simples paraíso poderia ser eterno, por mais dois ou três dias.
 Hora de voltar. A vontade que antes era branda se mostrava maior e mais forte, mas ainda faltava algo. Como na ida, o retorno foi banhado pelo constante chuva, um silêncio e nada mais; além da incessante e estranha sensação de haver algo faltando mas não saber o que era. Tão óbvio e escondido pelas brumas, aonde estava minha mente quando tudo começou a tremer e se desfazer diante da estrada?
 Foi ficando pior e se misturou com a fome que eu estava sentindo, minha cabeça começou a doer e as coisas não estavam muito claras, ou claras demais, dependendo dos carros que vinham no sentido contrário. Vozes e imagens tornaram-se levemente distorcidas, por mais que minha vontade pedisse, me controlei para não pedir ajuda e assim tentei me acalmar para ver se tudo voltava ao seu lugar.
 O caminho para casa foi reconhecido depois de longos minutos de uma tortura incomum. Pensei que não seria capaz, mas consegui carregar tudo até o quarto, aonde, depois de me assentar na cama e muito pensar, fui atingido por um golpe direto na mente. O céu se abriu através do teto e agora sim, estava claro demais. Cego pela luz, com as mãos suadas e o pescoço tenso, a calma que há muito carregava durante todo o feriado desapareceu quando o mundo real voltou ao seu devido posto na minha cabeça.

 Estive pálido durante o resto da noite e dormir foi difícil, pensei muito sobre como consegui me esquecer da vida de uma forma tão literal. Sentindo-me impotente, não sabia se eu estava preparado para tanto, o que era comum tornou-se estranho e assustador, e por sorte não me causou pesadelos. Planos para o fim de férias foram deixados de lado para que eu pudesse encontrar uma forma de equilibrar as coisas. Horas voaram como dias e depois de me apagar do mundo, acordar assustado e apagar as luzes, apaguei.
 O dia seguinte me acordou naturalmente. Foi estranho e delicioso, me sentia bem de novo. Preferi não entender muito o que houve, mas teria que traduzir toda aquela viagem em mais uma relato melancólico. Menos de vinte e quatro horas depois, as sensações sinistras pareciam nunca haver existido. Agora estou de volta à minha realidade, num lento processo de readaptação.

sábado, 5 de março de 2011

Feriado

 Hora de me dar uma folga e descansar um pouco caros leitores. Desejo a todos vocês um ótimo feriado, até porque eu detesto esse tal carnaval. Na volta, devo postar sobre a festa em questão; algo no fundo da minha mente me diz que um baile de máscaras não é uma coisa tão ruim, porém, países festivos e imbecís como o Brasil conseguem estragar muita coisa. Entretanto, vou guardar o verbo até a volta.
Um abraço...