segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Recesso

 Saudações amigos! Venho, diretamente da lan-house da minha rua, informar a vocês, meus queridos leitores, que o TRAPO ficará parado por algum tempo. Motivo: meu computador resolveu estressar comigo e teve que ser mandado para a manutenção; nada que uma breve formatação não resolva.
 Senti saudades de escrever por esses dias, mas como eu mesmo reforcei no trapo Responsabilidade, meu tempo tem sido curto e minhas horas vagas dedicadas ao blog tem sido cada vez mais escassas. Peço que não pensem, hora alguma, que eu estou desistindo do TRAPO. Afinal, este blog é nada mais que um resumo da minha visão, além de compor minha obra inicial; sendo talvez um início de carreira.
 Semana que vem, talvez meu computador já esteja formatado e atualizado. Antes disso, devo ficar off da internet, pois não tenho paciência nenhuma com lan-houses. Meu sacrifício de estar aqui hoje se deve especialmente à satisfação que devo à vocês, leitores, que acompanham meu trabalho. Agora preciso vazar urgentemente, pois tem uma cacetada de 'inconha' bicando a minha escrita.

Agradeço de coração, o TRAPO voltará em breve.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

♪♫ Morning Glory

Oasis - Morning Glory (Tradução e Vídeo)

Todos os seus sonhos são feitos,
quando você está acorrentado ao espelho com sua lâmina de barbear.
Hoje é o dia que todo o mundo verá...
Outra tarde ensolarada, andando ao som da minha estação favorita.
O amanhã nunca sabe o que não saberá tão cedo.

Precisa de um tempinho para acordar.
Precisa de um tempinho para descansar sua mente,
você sabe que deveria; então eu acho que lhe faria bem...
Qual é a história? Manhã gloriosa?
Bem... Precisa de um tempinho para acordar.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Descanso Involuntário

06:50 - O Sonho e o Despertador
 Essa noite tive um sonho: nele eu estava acompanhado de um desconhecido, mas que por alguma razão parecia ter minha idade; ele (o desconhecido) estava me levando até uma outra pessoa, rotulada como "mestre". Nisso, antes que eu pudesse subir o pequeno lance de escadas à minha frente e me encontrar com o dito cujo, meu Nokia Tune me despertou; hora de levantar e encarar mais um dia de rotina. Frustrado, programei o atraso do despertador em dez minutos para poder voltar ao sonho.
 Involuntariamente, eu sentia gostar de estar na presença do homem gordo e saltitante. Seria ele o tal mestre? Meu condutor estava calado, mas estampando um sorriso simpático. Ao mesmo tempo em que toda aquela viajem possuia tonalidades reais, começou a ganhar misteriosamente um tom cômico, como se um desenho animado tivesse invadido meu sonho. Eles se comunicavam bem, mas numa lingua que eu não pudia compreender, muitas vezes eu via apenas suas bocas se mechendo sem som algum; mesmo estando concentrado era impossível decifrar por leitura labial aquilo que os dois conversavam. Não me passava pela cabeça explicações racionais ou decentes para esse tipo de sonho, eu sentia ao longe que o tempo estava se esgotando para mim. Nokia Tune tocou de novo, mas dessa vez eu já o aguardava.

07:00 - Incômodo Matinal
 Sempre estive muito acostumado com a pontualidade, por isso perdê-la me causa tremenda raiva. Dormir em locais escuros demais me faz encarar a luz do dia com dificuldade, então tenho que andar com a cabeça coberta por um edredom e olhando sempre para o chão, quase sempre batendo a cabeça em alguma coisa. São muitas tralhas para arrumar logo de manhã, enquanto isso minha cadelinha prenha e feliz só pensa em brincar comigo por eu ter acordado. Algumas coisas até tentam me alegrar, mas minha cabeça está quente demais para que eu me atente com o mundo externo das minhas preocupações.
 Estou vestido com a calça errada, deixando meio mundo de materiais para trás, tenho uma prova de sessenta pontos para fazer e um caderno de questionários para apresentar. Como em todos os dias de rotina, minhas mãos estão queimando de tensão, por vezes eu as coloco no congelador durante alguns segundos até que se queimem de frio. Minhas meias não querem colaborar comigo, uma pequena ponta da parte direita está avulsa no meu pé, tudo isso junto com o ferro das minhas botas, que parece estar mais apertado que o normal, me causa um incômodo dos diabos. Meu café havia sido feito durante a madrugada, a garrafa térmica o conservou aquecido e então finalmente pude provar algo que prestasse.
 O caminho até o início do dia é cansativo  e nunca se sabe quando está calor ou frio, normalmente o clima vem sempre contrário à minha intuição. A sensação de cansaço, já no início do dia, é grande a ponto de me fazer querer sentar ao lado dos hipies para perguntar se a vida nômade deles é mais sofrida que os meus distúrbios matinais. Chegando ao ponto de partida, respirei profundamente para tentar relaxar.

12:00 - Sol e Vinagre
 A primeira metade do dia foi enfrentada com sucesso, tive tempo para reorganizar pendências e fazer uma boa prova enfim. Saindo, liguei meu MP4, coloquei meu Ray Ban falseta e ali segui meu caminho curtindo Owl City e viajando na vibe das excêntricas batidas; a sensação durou pouco, meu reflexo no vidro dos carros era gordo e feio como de costume e o sol parecia estar fritando meus miolos.

 Chegando em casa retirei os fones mas minha cabeça parecia repetir o mesmo sonzinho cretino, como um alarme dentro do meu cérebro - constatei não estar louco depois que percebi que não era eu o único a ouvir o sonzinho irritante. Ao me perguntarem, o delírio na minha mente soltou apenas um melancólico "tô passando mal".
 Subir alguns metros rua acima depois de tanto alvoroço foi difícil, ainda mais tendo que escutar um relato espetacular de alguém que no momento pouco me interessava. Continuei a subida até o meu almoço do dia, as coisas já estavam começando a embaçar - literalmente - mas ainda resgatava forças na boca para comer alguma coisa e ir direto para a escola. No meio de um breve diálogo sobre o cardápio do dia, tudo escureceu e um barulho oco foi a última coisa que ouvi, fui sequestrado violentamente por um desmaio que me levou à uma escuridão profunda, onde nada era dito, visto ou ouvido.
 Pela terceira vez no mesmo dia, despertei de mais um descanso. Dessa vez eu não tinha me encontrado com mestre nenhum, e também não foi o Nokia Tune que me acordou, eu estava apoiado nas pernas de quem me socorreu, com um gosto azedo nos lábios, a primeira coisa que pensei foi no motivo de minha boca estar com aquela textura maldita, minha cabeça doia muito. Logo eu estava sentado, apoiado sobre minhas mãos, sabendo que óbviamente eu havia desmaiado, mas sem ter a mínima noção de nada e com muito medo de que acontecesse novamente, em locais públicos ou desconhecidos.

13:10 - Retomada
 Mesmo com a impressão de estar horas desacordado, o relógio marcava meu prazo para a apresentação do trabalho de biologia. Passei na farmácia para tirar uma medida da pressão arterial e em seguida fui para a escola. Completei a tarefa com sucesso, dei um oi ao meu trakinas e agora estou de volta em casa. Escrevendo assim nem parece que de fato caí duro feito pedra no chão da copa; afinal, estou me sentindo muito bem neste exato momento. Para tudo tem uma primeira vez na vida, o susto é bastante natural; mas espero realmente não ter minha consciência involuntariamente apagada de novo.

Um abraço à todos.

domingo, 19 de setembro de 2010

Alfabeto Efusivo

Abraços compulsivos.
Burrice afetiva opcional. (clique aqui!)
Comentários infelizes.
Dramas mexicanos.
Explosões de entusiasmo.
Fantasias imprecisas.
Gestos exagerados.
Homenagens histéricas.
Inconveniência.
Joguinhos e piadas de mau gosto.
Lágrimas dissimuladas.
Motivações fracas.
Neurônios pequenos.
Orgulhos infundados.
Personalidade podre.
Queimação de filme.
Risadinhas forçadas.
Sorrisos artificiais.
Talentos inúteis.
União do chato ao insuportável.
Vergonha inexistente.
X da questão, a gota d'água.
Zuações ilimitadas.

 "Seja feliz, mas não me perturbe."
Sérgio Bitencourt

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

CineTRAPO: A Alice de Marilyn Manson

 Sinceramente, admiro a coragem de Marilyn Manson em enfrentar o mundo com toda a sua irreverência. Absolutamente nada do que for citado aqui poderá ser comparado à ver de perto as loucuras de Marilyn, sua principal caracteristica provem de seu estilo dark e suas atitudes sinistras e chocantes.
 Depois de fazer sucesso e conquistar muitos fãs na carreira musical, Marilyn retorna agora como roteirista, produtor e diretor de cinema. Pelo que se conhece da figuraça, dá pra ter uma certa noção do quão bizarro será um filme produzido pelo cara. Pois é isso que o CineTRAPO traz para você hoje.

 A obra cinematográfica de Manson baseia-se nos contos de Lewis Carroll. Para quem não o conhece, Lewis é o responsável por escrever Alice no País das Maravilhas, dentre outros contos. O nome do filme é Phantasmagoria: The Visions of Lewis Carroll; Marilyn Manson é o ator que protagoniza Carroll no filme, contracenando com a modelo Lily Cole, que pelo que parece encarna o papel da Alice.
 O filme não possui nenhum enredo divulgado até o momento, mas faz referência aos diversos contos de Lewis Carroll em uma única obra, onde o autor desenvolve uma caótica trama com sua própria criação. O fime de Manson é um projeto antigo que vem se desenvolvendo desde o ano de 2006, e que agora teve sua produção suspensa por denúncias do público contra os trailers, alegando que eles seriam eróticos, violentos e perturbadores.

 O TRAPO jamais deixaria você com um gosto de suspense na boca. Por isso descolamos um trailer da produção de Manson, mas desde já avisamos que pensem bem antes de clicar no link, pois o vídeo é tratado pelo site como Red Band, ou seja, recomendado para maiores de 17 anos. Assistir ficará por sua conta em risco, e o meu blog não se responsabilizará por qualquer problema psicológico e/ou pesadelos que você venha a ter.
 Clique aqui para assistir ao trailer. Caso você prefira não assistir, conseguimos duas imagens mais leves para que você possa ter uma noção da obra prima bizarra de Marilyn Manson sem demais riscos psicológicos.


terça-feira, 14 de setembro de 2010

Desabafo na Carne

 Impaciente; compulsivo. Tenho estado assim por muito tempo, abrindo a geladeira para pensar. A pressão continua aumentando e esquentando aqui dentro. Muitos dos conselhos que tenho recebido estão sendo permanentemente ignorados; essa história de "quem não escuta 'conselho', escuta 'coitado'" é um papo furado das antigas, que só me serviu até hoje para perceber a insegurança das pesoas em enfrentar seus problemas, estando estes sempre na dependência de conselhos vagos dos outros.
 Minhas horas de sono têm sido estupidamente irregulares, dormir tarde e acordar cedo é uma atividade comum na por#@ da minha idade, e também capaz de destruir sua disposição para qualquer outra tarefa. Tendo meu tempo ocupado durante manhã e tarde, minhas noites sobram livres para os questionários de caldeiraria, para as infernais e tortuosas atividades do livro de português, para uma pesquisa no trabalho de biologia, para a matéria de sociologia e até mesmo para a educação física, que agora resolveu passar trabalhos extra-classe manuscritos. Se você consegue levar numa boa essa vida escrava de curso-escola-tarefas, meus parabéns caro amigo leitor; você é louco na mesma proporção de ser muito trouxa.
 Eu tenho uma vida de oportunidades, e esta minha vida possui projetos planejados para o meu futuro. Eu não vou deixar de revisar os capítulos do meu livro sobre caça-vampiros, ou deixar de postar no meu blog, ou conversar com meus amigos pela internet para resolver um bocado de baboseiras que esse lixo de programa educacional nos ensina. Desde muito pequeno, sempre entendi a matéria dada, mas nunca vi necessidade em fazer toda e qualquer tarefa ridícula que me passavam. Minha lista de pendências está cheia de itens desmarcados, adiados e cancelados; você pode até querer culpar meus dezoito anos pela minha minha frustração, afinal sou só mais um pré-adulto na estrada; mas caso eu acabe matando alguém, sou eu que irei preso - então engula sua opinião a respeito da minha idade, caso precise.
 Eu nunca fiz, não vou fazer. Quero boas acusações e o melhor advogado de defesa no tribunal que me obrigue a cumprir com deveres escolares à nível de ensino fundamental. Eu estou put#, revoltado com esse sistema injusto, tenho minha consciência limpa dessas decisões, e não vou perder minha juventude nessa carnificina desgraçada que chamam de escola. Gostaria de aprender alguma coisa, realmente; mas que seja algo que eu leve pelo resto da vida, ou que pelo menos faça real diferença na minha formação. Danem-se exercícios, tarefinhas, trabalhos inúteis sobre assuntos ainda mais inúteis - eu quero conteúdo.

 Tanta informação de uma só vez está matando meus neurônios, meus projetos pessoais estão se mesclando com a escola, o trabalho e as cobranças domésticas. Os objetivos mais simples que tracei no início do mês já estão fora de questão, meu corpo tem mantido uma temperatura quente e constante devido à correria e a falta de tempo para reorganizar tudo. Na tentativa frustrada de colocar as coisas no seu devido lugar, tenho dormido tarde e sempre com algo já pendente para fazer; estou à um passo do surto.
 Milagrosamente não me deixo ser completamente tomado por isso, arrumando sempre um tempinho para assistir um filme, curtir meu trakinas ou navegar um pouco por aqui - distrações simplórias que por vezes salvam meu dia do fracasso.
 Eu espero poder vencer este ano, assim como venci em anos anteriores. A carga tem sido pesada pra mim, é tanta responsabilidade que até o TRAPO tem sido atingido (reparem que as postagens vem diminuindo de mês em mês), e mesmo assim, muita coisa ainda fica para trás. Faço por mim aquilo que considero de real valor e crescimento, se a escola pensa que não tenho uma vida social, sinto informar mas eu tenho. Desabafo hoje pois estou dormindo tarde outra vez, me segurando na ponta dos pés, pois os dedos das minhas mãos já estão todos sangrando.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Sobrecarga Adolescente

Parte 1 - Seu Pequeno Problema
 Ser um adolescente em fase terminal não é fácil. Você deve se preocupar com a formação do ensino médio, os cursos que tem para fazer, os trabalhos e tarefas que lhe foram dadas, suas responsabilidades extras, sua cadelinha grávida, seu blog sem noção. Além de ter que lidar com sua revolta interior, que por mais compassiva que esteja, jamais te abandonará durante essa fase de difíceis escolhas pessoais.

 Você tem provas marcadas, deveres atrasados, um trabalho enorme sobre uma síndrome ou sobre o louco que descobriu a tal doença. Você enfrenta as cobranças dos amigos e da família, e ainda tem de ouvir um milhão de lorotas e conversinha fiada de gente que não enxerga nada de bom do que você faz. Respirar te deixa aliviado por alguns segundos, pelo menos até que a barulhada que te cerca tire sua concentração do profundo e único oxigênio que acabara de entrar nas suas narinas. Falar está ficando cada dia mais difícil, quando o silêncio não é opção, muitos partem pra porrada - para extravasar o estresse acumulado.
 Loucamente, sua vida começa a parecer uma novela, um teste hipertenso ou até mesmo, quem sabe, uma piada de mal gosto. Você ouve suas músicas favoritas imaginando como seria aquele mundo em que o centro de tudo é o seu ego destruído, onde todos estão famintos, tentando derrubar mais ainda suas chances, mas ainda assim, sob os acordes daquela sublime guitarra, você reencontra forças em si para reagir à tudo, e enfrentar a todos.
 A sociedade pirou de vez - ninguém te entende, e quando te entendem não dão a mínima para os seus problemas. Todos dizem que é culpa da idade, os maduros arrotam sua passada juventude como se fosse algo do qual se orgulhar profundamente; infelizmente, nem todos perderam-se no olho do furacão.
 Então você tenta entender e compreender, procurar o problema dentro de você. Quando não o encontra, isso te dá maior convicção que você está certo. O desprezo da galerinha aumenta e te irrita, aquela prova enorme, sobre coisas que nem estudando você aprende, te faz querer meter uma agulha de compasso na garganta, mas acredito ser muito mais fácil para um adolescente o homicídio que o suicídio.
 No final de cada dia, você mata o resto de sua energia fazendo aquilo que gosta. Terminada sua carga, chega a hora indispensável de dormir. Caso ainda haja um pouco de noção de realidade em você, seus pensamentos começam a viajar para longe; no meio da viagem você dorme como um anjo, mas sempre vigilante para o toque do seu amigo despertador - o chamado diário da rotina.

Parte 2 - Sua Grande Atitude
 Caso toda a situação citada acima esteja encaixada com você, trago boas notícias. Nunca fui um bom conselheiro, pois para mim não existe melhor conselho do que aquele: que grita dentro do seu coração, louco por liberdade e uma atitude madura. Toda pressão está acima de você mesmo e cabe a você aliviar-se dessa pressão. Normalmente, costumo observar alunos do terceiro ano do ensino médio obcecados por um visto da professora carrasca; vejo jovens morrendo e jogando fora suas vidas em cima de obrigações que não acrescentarão nada em sua formação pessoal e seu caráter. Não desperdice sua energia em coisas inúteis, tudo que você precisa é de um descanso - sem tarefas, sem deveres, sem trabalhos, sem obrigações e, principalmente, sem despertadores escandalósos te perturbando.
 Não quero, de forma alguma, que você chute o pau da barraca e deixe os rock'n'rolls revoltados arrastarem o resto da sua esperança para o abismo, não! Mas sugiro que pense bem, pois seus fins de semana não possuem mais aquele sabor de alívio e descarrego de todas as preocupações. Enquanto você se mata para fazer os oitenta exercícios do livro de qualquer matéria, a vida lá fora está passando pelas suas costas. Analise suas condições para uma folga e raciocine corretamente diante do seu bem-estar.
 Transforme aquela segunda-feira indesejada no maior recesso particular de sua vida. Se achar meio ruim e não quiser pegar a segunda, qualquer dia da semana serve. Lembre-se de ter um amigo ao seu lado para descontrair e compartilhar o dia especial, ajuda bastante. Pegue um cinema com aquele filme que tem a sua cara, encontre a liberdade brilhando no sol diante dos seus óculos escuros, fuja dos riscos de alguém te pegar no flagra. Sinta uma emoção simples e singular - porém jamais percebida antes.
 Divirta-se, mas não se esqueça do seu mundo responsável. Volte pra casa com a certeza de que tudo deu certo. Conte o resto da sua grana e planeje o resto do seu mês para não ficar maluco. Marque em sua lista de prioridades aquilo que fez e aquilo que precisa ser feito. Toda a sobrecarga que está nas suas costas não é culpa de ninguém, senão sua. Permita-se! Conheça o mundo e o que você é capaz diante dele. Sua vida pode ser muito mais que uma sala de aula com gente chata e dores de cabeça involuntárias.
 Antes de qualquer coisa: sinta-se bem consigo mesmo, enquanto a vida lhe permite aproveitar.


 Uma dica de quem se esqueceu dos problemas por um dia, e sentiu a vida pulsar de perto.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Não Conte à Ninguém...

 Tentaram me julgar por minhas palavras. Muitas vezes falo coisas sem sentido algum, a maioria delas se chocam em diálogos chulos e pesados com menores de idade, mas fazer o que se eles mesmos não ligam. Consciência é um remédio que se toma pela manhã, antes de qualquer ação precipitada. Certamente não é preciso estar acima dos dezoito anos, e ser obrigado a votar no político da campanha do bairro, para saber o que é consequencia, ou talvez para entender o sentido da ação, e a força da reação.
 É saudável conversar consigo mesmo. Sua sombra, por maior que seja sua desconfiança, nunca irá lhe trair. Sua vida estará guardada dentro de si até que sua boca a vomite; seus inimigos esperaram muito pela sua queda, e não perderão a chance de pisar na sujeira, antes mesmo que você limpe.

 Não existe diálogo sozinho, a própria palavra sugere no mínimo dois indivíduos. Se alguém arquiteta um plano, seja ele qual for, e guarda para si mesmo suas táticas, chegará então num momento crucial e inevitável em que uma explosão revelará seus métodos escondidos. Você pode até tentar se esconder, mas alguém sempre saberá. Não são todas as pessoas que possuem uma boa astúcia em perceber algo diferente no ambiente, nessas cincunstâncias se camuflar é tarefa fácil; o difícil mesmo é manter o silêncio diante de seus amigos, lobos famintos.
 Conquistar a confiança dos outros já não é mais um processo árduo, a diferença aparece entre aqueles que dominam sua confiança e aqueles que confiam em você. Toda a fase de confiança deve ser mútua e manter um certo equilíbrio, se você confiar mais em mim do que eu em você, nossa relação irá se desgastar. Nos conhecemos, conversamos, trocamos contatos e logo nossos segredos estarão jogados em mãos desconhecidas; pensamos que não, mas basta um deslize e eles irão parar na boca do mundo. Olhando por esse lado realista, não vale apena tentar esconder nada de ninguém, mas o que é nosso será sempre nosso, nada poderá tirar isso de nós, senão nós mesmos: entregando com classe para aqueles a quem chamamos de confidentes, e assim lhes entregamos toda a história de nossa vida.
 Talvez sua assimilação desse texto te faça pensar que pretendo induzir você a não ter mais amigos, ou a não confiar mais em ninguém. Mas não é bem isso, nossas relações com o mundo se aprimoram e passamos a perceber, com o auxilio da convivência em sociedade, que existem pessoas em que não se vale a pena confiar. Já presenciei amizades 'eternas' terminarem em brigas feias, e no violento arranca rabo daqui e dali, os podres vão sendo lançados para o alto, e se espalhando como merda num ventilador.
 Não há nada satisfatório de fato. A história de cada segredo se inicia dentro da nossa cabeça, é plantada em nossas vontades, mas se manifesta nos outros. Nossa necessidade de compartilhar é incontrolável, afinal vivemos em sociedade e precisamos ser aceitos de certa forma, mesmo que pela pior das opiniões. O ato de revelar um segredo expõe seu lado inconsciênte de querer que todos saibam, você pode negar o quanto quiser, mas saberá indubitávelmente que eu não estou errado. Seu sorriso fosco deixará claro sua impressão tola e sem graça, o que era teórico e óbvio torna-se agora prático e fatal - nosso segredinho.
 Assim como qualquer outro, eu tenho segredos e também os compartilho, pois quero que um dia, no momento certo, todos saibam. Sendo mais um homem no seio da sociedade, possuo colegas, amigos e cumplices; mantendo um nível de confiança respectivo e crescente. Por mais que nada esteja à salvo do caos, posso sinceramente agradecer pela existência e o apoio de vocês - meus leitores, amados cumplices.

Enemy of Mine

 "Por um lado, ter um inimigo é muito ruim, perturba nossa paz mental e destrói algumas de nossas coisas boas. Mas, se vermos de outro ângulo, somente um inimigo nos dá a oportunidade de exercer a paciência e ninguém mais do que ele nos concede a oportunidade para a tolerância. Já que não conhecemos a maioria dos cinco bilhões de seres humanos desta terra, a maioria das pessoas também não nos dá a oportunidade de exercer a tolerância ou a paciência. Somente essas pessoas que nós conhecemos, e que nos criam problemas e preocupações, é que realmente nos dão uma boa chance de praticar a tolerância e a paciência."

(Dalai Lama)

domingo, 5 de setembro de 2010

Reparos

 Eu pensei que o meu espelho havia se quebrado - eu estava errado. Na verdade, eu quebrei o espelho. Parece uma metáfora inútil mas não é, agora resta somente metade do espelho da parte interior do meu guarda-roupas. Os pedaços cairam virados para baixo; por algum motivo desconhecido eu os virei para cima, eles refletiram a figura colossal e grotesca de um homem irado. Aquele homem tinha o semblante forte e agressivo, sua barba serrada escondia parte do seu rosto, a visão por baixo era assustadora pois não dava para definir muito bem quem estava olhando e quem era o observado, nos seus olhos brilhavam a angustia e o arrependimento. Por um momento tive medo de mim mesmo, ao me enxergar como aquela figura sinistra. Lógicamente minha expressão era a mesma do reflexo, mas este detalhe não impediu que eu tremesse diante da minha outra postura - um monstro interior explicito em destroços de um espelho.

 Tendo agora pedaços de um espelho nas mãos, só me restava desfazer de todos aqueles cacos cortantes. Os jornais que embalaram cada caco revelaram um pouco da minha boa intenção em não machucar o pobre gari que recolheria o lixo na próxima segunda-feira. Mesmo depois de jogar fora todos os grandes pedaços, os pequenos fragmentos continuavam lá, me fazendo lembrar da parte estranha de mim mesmo.
 O trabalho de limpeza durou cerca de uma hora, liguei o computador para ouvir alguma músca enquanto me desfazia dos meus estragos. O que deveria ser uma tarde de postagem no TRAPO, tornou-se uma caixa de ferramentas sobre a cama, me auxiliando no posicionamento de um novo espelho; ou melhor dizendo, o que sobrou dele. A bagunça ficou maior ainda, mas eu não me importava muito pois sabia que teria que fazer aquilo inevitavelmente. O ritmo dos meus movimentos tornaram-se semelhantes às batidas do rock ao fundo, e nenhuma raiva passei durante todo esse processo. A raiva que me fez destruir uma coisa me anestesiou de tal maneira que nada mais podia me tirar do sério. De forma revoltante e bastante contraditória, o espelho que deveria ser reparado por mim acabou reparando minhas falhas, dando-me uma lição de paciência e boa vontade, daquelas que nunca recebi por ninguém.
 Pouco depois lá estava meu novo espelho. Posicionado corretamente, sem riscos de desabar ou escorregar, porém cheio de manchas e marcas de dedos por todos os lados. Aquela tarefa já estava me cansando, mas eu sabia que não podia parar por ali; meu espelho dependia de mim assim como eu dependo dele. Fiz alguns últimos reparos, limpei-o com um produto e um pano e em seguida guardei as ferramentas. Ao olhar de volta para adentro do meu gurda-roupas, senti um ar de nobreza e renovo, um sentido anormal relacionado a algo tão simples, como supervalorizar um sorriso ou o ar de nossas narinas.
 Meu reflexo agora estava diferente, o ser irado e amedrontador havia ido embora junto com os cacos meiores; no lugar dele, alguém com o rosto cansado pedindo por um banho fresco. Certamente, aquele espelho deveria ser quebrado; não para que me desse o forçante trabalho de concertá-lo, mas para que pelo uma vez durante cada período da minha vida, eu possa ver de outro ângulo, e possa reconhecer, aquele que eu sou por muitas vezes mas não quero admitir. Se vou mudar meu jeito, minha personalidade ou caráter por isso, eu não sei. Mas uma reflexão com certeza será feita, e algo novo nascerá.