quinta-feira, 10 de junho de 2010

Amor e Cicatriz

 Dos sentimentos mais complexos e traiçoeiros, o amor tem o seu troféu de platina. Por ser ele o único sentimento capaz de nos fazer tão bem; ao mesmo tempo em que pode nos destruir por dentro, acabar com nossas expectativas; e em alguns casos, tirar a vontade de viver. Mas de drama o TRAPO já está cheio, e chegou a hora de enfrentar as porradas sentimentais com a cabeça erguida (no bom e mais puro sentido) e um sorriso no rosto. Afinal, todas elas significaram algo para nós; serão cicatrizes que vamos carregar para sempre, uma marca inapagável da nossa experiência.
 Quando dei o meu primeiro beijo o mundo parou. Eu estava em trabalho de campo, membro de um grupo de onze garotas, sendo uma delas aquela que entraria na minha história. Eu posso me esquecer da última garota que beijei, mas dela não. Ela foi única: divertida, cheirosa e mais alta que eu. Foi na 6ª série - no dia 13 de Agosto de 2004 - que o amor resolveu me ensinar algumas coisas. De cara ele me mostrou que essa garota seria o meu primeiro beijo, minha primeira namorada, além da primeira decepção. Estivemos juntos por algum tempo mas ela começou a andar com caras que não se davam bem comigo, eu perdi a confiança nela e terminei. Seria difícil me convencer do contrário, eu estava mal e cheguei a pensar que nunca mais gostaria de ninguém. Foi então que veio minha primeira lição; depois de algumas semanas percebi que ninguém é insubstituível, e eu já estava afim de outra.

 A partir daí comecei a desenvolver minha visão do mundo sentimental, aprendendo a analisar pessoas e suas atitudes. O meu segundo beijo eu não lembro com quem foi, mas foram muitos desde o primeiro. Assim como fizeram muita sacanagem com os meus sentimentos, eu também detonei com muita gente. Durante toda a 'caminhada' eu condenei e perdoei segundo o meu julgamento, me arrependi por não gostar de quem gostou de mim, consegui assumir meus sentimentos sem vergonha de chorar, fui sincero na medida do possível, aprendi que idade e inocência não são sinônimos, me calei pra não falar merda, fui cretino aos limites e sem nenhum remorço; e contudo consegui reconhecer o significado do - hoje banalizado -  'eu te amo'.

 Eu gosto de falar sobre isso pois é algo que me faz bem, me faz rir muito. Poder olhar para trás e ver como fui ingênuo e acreditei em tantos absurdos; saber que hoje tenho a consciência da mente maligna de muitos, e também da minha; ver que aquela garota de bigode que eu desdenhei hoje é uma tremenda gostosa que descobriu o barbeador; aprender que muita gente só dá valor quando perde, enquanto outras dão valor demais ao que não tem. Eu estou feliz...
 Nesse divertido e depreciativo curso sentimental não existem doutores, mestres ou pós graduados. Todo mundo bate e apanha; justamente por isso é que estamos todos no mesmo barco, sujeitos a tempestades e ao naufrágio, arriscando que a maré de um amor incontrolável nos afogue.

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