sexta-feira, 30 de julho de 2010

Bolhas de Ilusão

 Ando questionando a felicidade; não pela sua abordagem inesperada, nem pela forma em que ocorre, mas pela forma brusca que ela nos deixa, com um sorriso enorme, a grande decepção - o fardo de muitos. A felicidade é discutida de forma incessante, sempre foi e sempre será, o assunto de horas e mais horas nos debates dos canais de TV politicamente corretos. Segundo psicólogos e afins, ela está dentro de nós, escondida em algum canto escuro do nosso subconsciente; na versão cintífica, o hormônio endorfina é o responsável; segundo a religião, ou a bíblia cristã, é tudo uma grande ilusão e uma verdade considerável.

 O que está em nossas mãos pode nos ser tirado de forma tão violenta, que pode levar parte de nós. O que nos faz dar valor a alguma coisa é nada mais que o medo de perde-la, o medo de não ter mais ao seu lado aquilo que te faz tão bem. Mas o tempo é mestre, e sabe como conduzir sua melódica sinfônia. Por vezes triste, e em muitas quase imperceptíveis, aquilo que nos prende também nos liberta numa mesma proporção, de forma que não hajam marcas de dor, mas apenas pequenos riscos do que um dia foi satisfatório.
 Em cada fase, à cada passo, em cada aniverssário. Por mais que algo não esteja ao seu agrado ou feito conforme a tua vontade, você se lembrará da sua insatisfação, e ela trará à você a certeza do seu crescimento. Nosso tempo não volta, seguindo a mesma regra ele não se adianta, dando à você a oportunidade que você precisa para retirar o melhor do presente, ou lhe dando espaço para se recompor. Não somos de ferro e estamos indevidamente expostos.
 Andando pelos universos que preenchem nossa história, encontramos pessoas que já conhecemos. Algumas intimamente, outras são vagas e nem o nome nos vêm à mente; então o que pensar? Talvez a expressão daquela pessoa já não seja mais a mesma, talvez um grande trauma a transformou, talvez tudo que ela precise está em você, mas os seus próprios traumas te impedem de completá-la. Se colocar no lugar de alguém é um pensamento sem riscos, que proporciona a sensação misteriosa de como alguém estaria olhando para você se você na verdade fosse outra pessoa; complexidades e nada mais.
 Expectativa - força gigantesca. Ela pode nascer de uma só pessoa e tomar espaço diante de centenas, milhares de seres. Única ou coletiva, a expectativa move barreiras e leva sonhadores à lugares altos, acima de seus limites. Da mesma forma que nos eleva, a mesma nos decai; o efeito sedativo de puro prazer trasforma-se no mais sinistro e congelante banho de água fria - frustrados, alguns pedem a morte. Mas não seria a expectativa mais uma ilusão? Afinal, ela está só na sua cabeça e ainda não se concretizou. Até que ponto uma ilusão vale à pena? E quando ela pode virar realidade? Seria o nome disso sonho, ou a própria ilusão? Pelo que se vale a pena lutar, quando não se vale a pena morrer? Pense...
 Mesmo que tudo passe e tudo que você vive, faz, sonha e deseja seja uma grande ilusão - que o tempo apagará conforme sua vontade - o que realmente importa? Se jogar dentro de um mundo de perguntas pode te deixar insano - meio que nem eu. Se minha intenção fosse desanimar você, eu pediria logo que você se matasse, mas não. Seus minutos são preciosos, cada letra digitada e apagada por mim valem algo para alguém, talvez esse texto salve uma vida, ou ele apenas fique aqui como mais uma página da internet morta. Destruir uma vida e comer toda a merda que nossa mentalidade considera útil é bem fácil.
 No final, quem serão os triunfantes? Pois os triunfos passam; os fracassos passam. De quem serão as músicas no futuro? Existirá um futuro? Projetos e criações feitos pelo tempo, dedicados à ele, com ele se consomem; nosso sangue bombeia mais fraco dia após dia, a redenção de nossa alma se aproxima. Será que a morte é a única satisfação eterna? O descanço, o alívio. E pelo que você se cansa? O que realmente merece o seu suor? Corremos e lutamos, encerramos algo que um novo início não previa, estaremos aqui.

 Individualmente tudo se acertará, e assim se converterá. Sua dor será motivo das suas risadas, a Lua não terá mais o brilho de antes, agora ela será somente a Lua. Os lábios que tocaram os seus estarão bem acomodados em outros, ou ainda nos seus; seus abraços jamais serão esquecidos, suas cicatrizes estarão perdidas, mas ainda correrão o risco de serem abertas novamente. Suas ilusões serão escritas em novos pergaminhos, com uma nova tinta e a pena de uma Fênix, nada morrerá no fim das contas; bolhas serão assopradas e, inevitavelmente, se estourarão conforme sobem ao sublime ar.

"Memórias, suas histórias para sempre serão preservadas."
(Sérgio Bitencourt)

Sutileza de Avó

 Tarde fria e nublada de sexta-feira. Minha avó está nervosa por algum motivo que desconheço, notando o comportamento estranho e levemente violento da coroa, fiz meu comentário em tom alegre e sarcástico:

- Nossa vó! Você parece estar pronta pra dar um soco em alguém...
- Pois fique avisado! - Respondeu ela.

 Fez-se silêncio.

terça-feira, 27 de julho de 2010

DSTVírus

 Modinhas, de uma forma ou de outra elas sempre existirão, seja na TV, nas rádios e na internet principalmente. O mais interessante sobre as modinhas é que elas não foram inventadas com o intuito de obterem uma legião de zumbis sem personalidade atrás delas, normalmente são bordões e/ou vinhetas que pegam na cabeça da galera controlada pela mídia, por acharem aquilo super legal e por não terem o mínimo de bom senso, eles imitam TUDO que vêem - tentando 'fazer bonito' pra galera.
 Toda modinha tem mãe, pai e uma casa cômoda. Uma das grandes maternidades das modinhas é o nosso amado orkut (leia mais trapos sobre o orkut aqui!), muitos fetos bizarros e tóxicos brotam nele. Como a nova sigla DSTV, o que essa por#@ significa? Desativado ou desativando; muito mais simples que o esperado. Só que mais uma vez o TRAPO veio salvar você da modinha. Olha só que bom!

Aula de Hoje: Como DESATIVAR seu Orkut!
1. Motivo
 Gostaria de explicar a motivação de tanta gente usar a sigla DSTV nos seus orkuts. Toda pessoa, quando cria um perfil, espera ter amigos que lhe mandem recados e depoimentos; gostam de lotar seus álbuns com fotos diversas, embaçadas ou não; adicionam vídeos cretinos, coisas bizarras, milhares de aplicativos, fazendinhas felizes, lanchonetes do caralh#, joguinhos inúteis de música e futebol; e tudo isso por que?! Para mostrarem aos seus amigos que estão muito ocupados fazendo alguma coisa tosca. Quando o ócio consome a pessoa e ela vê que nada dá certo no seu lindo perfil, ela entra então em comunidades "Arrumamos Seu Perfil", pra ver se algum alheio pode lhe salvar; normalmente isso nunca dá certo, mas milheres de otários tentam. Depois de ver que as comunidades não a salvam, a pessoa cria um fake; esta é uma saída estratégica, porém muito mais tediante que o seu próprio perfil original. Sem mais alternativas, elas apelam para o DSTV, que você irá compreender nos próximos passos do nosso estudo.

2. Objetivo
 O que de fato as pessoas querem ao inserir um DSTV no seu perfil? É uma questão muito óbvia relacionada ao 1º tópico citado acima. Depois de tanto tentar - sem sucesso algum - impressionar os amiguinhos com as artimanhas oferecidas pelo orkut, a pessoa enlouquecida apela para a nossa sigla em questão, querendo que todos vejam que ela está prestes a desativar seu orkut. Isso realmente chama a atenção, pois alguns amigos ainda se dão o trabalho de perguntar o porque da pessoa estar assim. DSTV é nada mais que um pedido de socorro, quatro letras histéricas implorando: "Hey! Visite meu orkut antes que eu o desative!", porém não são todos que ligam, e no final das contas a pessoa acaba voltando com seu perfil normal, com as mesmas futilidades chamativas de sempre. Para que você possa visualizar melhor o contexto do nosso estudo, preparamos uma nova tradução da sigla, que pode ter uma compreensão bem mais clara:

DSTV = Desisto! Sou Totalmente Vazio

 Viram? As pessoas admitem sua falta de competência e conteúdo, mas são poucos que enxergam isso como uma alternativa desesperada, por isso o DSTV virou modinha entre os perfis do orkut.

3. Desative e Seja Feliz
 Cheguei a pensar que algumas pessoas usavam o DSTV por não conseguirem desativar de fato seus perfis, mas essa tarefa é tão simples, que seria impossível alguém conseguir criar um perfil, e não conseguir desativá-lo, salvo para aqueles que são muito burros. Tudo culpa dessa maldita inclusão digital!
 Mas, eu não posso simplesmente ignorar a idéia de que existam pessoas ignorantes o suficiente para não conseguirem realizar a façanha de desativar seu orkut. Por isso, chegou o Tutorial TRAPO DSTV.

 Saia dessa vida sensacionalista, pare de querer impressionar! Se é pra desativar, desative logo por#@!
 Nosso tutorial foi baseado usando o novo orkut, que por sinal já é bastante antigo. Siga nosso detalhado passo-a-passo para poder desativar seu perfil com sucesso e ser plenamente feliz.

3.1. Procure a opção configurações, localizada no canto direito superior do seu perfil.


3.2. Clique na aba Gerais, em seguida na opção Excluir minha conta do orkut.


3.3. Selecione a opção clicando na caixinha, insira sua senha, clique em Remover orkut e pronto!


 Se você possui a 1ª série completa e conhecimentos básicos de lan-house, com certeza este tutorial foi fichinha para você - caro amigo - que ainda usa o DSTV por não conseguir excluir sua conta. É o TRAPO salvando a sua vida mais uma vez. Soa como irônia, mas esse tipo de situação sempre existe.
 Já você, que usa a sigla apenas para se promover, indicamos que realize o procedimento apresentado aqui, a internet ficará muito mais saudável sem você. Caso tenha achado ruim, sentimos muito por você, a verdade dói e queremos do fundo do coração que você vá tomar no centro do seu ego.

 Eu fico por aqui. Tchau!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Superioridade

 Estou vivendo meus dias de forma bastante proveitosa, mas este meu prazer em viver tem me levado além de alguns limites. Hoje descobri que existem pessoas sem nenhum valor; antes era só história na TV, neste momento tenho jogado à minha frente um monte de lixo, e minha única pena é a de não poder me livrar de todos eles. Praticamente todos os dias levanto questões sobre quem eu sou e o que estou fazendo por mim e pelos outros, quero usar este blog para admitir que não penso muito nos outros; talvez você, que está lendo isto agora, possa ser ser uma excessão, mesmo assim eu não te garanto nada.

 Costumo ouvir muito as pessoas dizerem que sou egoísta, que não penso em mais ninguém. Eu não nego nenhuma dessas afirmações; pelo contrário, digo que a maioria dos indivíduos que convivem comigo não merecem a minha preocupação, tão pouco o meu respeito. Construir uma amizade é uma tarefa equivalente à destruí-la, de fato isso é muito fácil. Sou egoísta pois ainda não descobri pessoas capazes de suportarem o meu nível de caráter e os meus limites diante de qualquer situação. Pessoas às quais considero sabem disso e sabem também reconhecer este laço, o resto continua sendo resto, baseado em morfinas intoxicantes do mundo moderno. Às vezes gostaria de estar em um lugar onde matar por boas causas fosse algo natural.
 Sempre gostei de almoçar e ver TV ao mesmo tempo, assim tenho a sensação de estar matando duas fomes - a humana por alimento, e a minha fome particular em ver como o mundo fora da minha casa está acabando. O noticiário de hoje falava sobre um homem de 29 anos que espancou sua mulher e bateu na vizinha que tentava impedir a primeira agressão; o homem estava drogado e tinha uma péssima aparência, sua mulher e a vizinha não quiseram aparecer nas entrevistas. Diante de algumas expeculações e do discurso moralista do apresentador do programa, eu estive dando boas risadas; pois realmente penso diferente: a culpa neste caso não é do homem drogado vestido em trapos, mas de sua mulher - vagabunda - que não pensou duas vezes em dar o rabo pro viciado e parir uma criança dele. Ela fez sua escolha ao se envolver com um marginal, e deveria reconhecer o motivo de apanhar do marido. Nessas horas agradeço à Deus, por ter misericórdia da minha vida e me livrar de tanta merda. Você planta, você colhe - a regra é simples.
 Um outro aspecto interessante é o preconceito, tenho observado tanto esse defeito ridículo nas pessoas que pretendo escrever um trapo só sobre isso. Muitas vezes me trancar em um lugar escuro e sozinho é tudo que quero, simplesmente para não ter que ouvir pessoas debocharem das outras por questões mínimas, como a aparência, a opção artística ou opção sexual. Penso que esses tipos de pessoas devem se achar bons demais para rirem dos outros, sem o devido tempo para olharem para si mesmo, e ver o quanto são podres, e o quanto se rebaixam caçoando de alguns que, sem culpa alguma, escolheram algo diferente.
 Eu tenho esperança quanto à mudança do mundo, mas não quanto à mudança das pessoas. Acredito firmemente e deposito toda minha fé que o bom futuro está nas mãos de pessoas que já nasceram com um certo brilho para fazerem a diferença. Por tempos pensei fazer parte desse grupo, mas hoje sei que meu orgulho me exclui dele - não por completo, mas em partes. Realmente perdi a esperança em projetos urbanos, movimentos socialistas, composições com temas específicos, frases de Shakespeare, promessas políticas, círculos de amigos e discursos otimistas em igrejas; todos eles serão sempre iguais, e seus ouvintes os mesmos; não porque são ignorantes e não captam a mensagem, mas simplesmente porque não querem mudar. Ninguém quer, você não quer e eu não quero; condenados andando em círculos.
 Estamos satisfeitos e acomodados. Cães sarnentos comunistas colocam a culpa no captalismo, sendo tudo isso uma grande mentira; a proposta captalista é a de um mundo novo e um mercado mais competitivo, o problema está em seres obcecados que se sentem intocáveis por terem uma arma na mão, e um bom álibi.
 Tudo que vejo me embaça, tudo que escuto fere meus ouvidos, o que desce pela minha garganta me rasga da traquéia ao coração, as lágrimas que debatem dentro dos meus olhos não saem, presas pelo meu orgulho em ser quem eu sou. Eu consigo bater no meu peito e reconhecer que penso diferente, que sou diferente e único; sentir-se superior não significa ser arrogante, afinal sou assim pois aprendi com terceiros. Adoro pensar na idéia de que o mundo vai mesmo acabar, e que vamos todos pro abismo juntos, da mesma forma que nos amamos e nos condenamos. Ancioso espero pelo fim; até lá continuarei sobrevivendo, de cabeça erguida e semblante forte, sabendo que estou acima de muitos e que ainda irei subir muitos degraus. Mesmo que me custe alguns peões, chegar ao rei é tudo o que me interessa.


sexta-feira, 23 de julho de 2010

Closer, closer...

 Estou partindo em viagem neste momento, do nada me veio a vontade de postar algo aqui, mesmo que pequeno. Todos os momentos do dia guardaram algo especial, como se o mundo estivesse preparando uma festa surpresa pra mim; não vejo muito à minha frente mas tenho expectativas notáveis, o universo que me cerca está sempre repleto de muitos questionamentos. De certa forma estou me afastando de algumas coisas, no momento exato em que outras estão se aproximando, esse tipo de abandono torna-se inevitável conforme passamos a compreender um pouco mais da lei natural da vida. Ainda tenho um frio sinistro na barriga, mas ainda assim declaro esta a melhor de todas as sensações.


"Desconheço o mundo, logo estou livre."
(Sérgio Bitencourt)

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Responsabilidade

 A palavra é grande; o significado dela então pode ser bem mais pesado que a massante ortografia, em dezesseis letras mescladas formando essa expressão tão famosa, usada principalmente pelos nossos queridos pais. Não há nada como, parecido ou igual; muitas vezes pensamos que vamos viver para tal propósito inútil de nossas vidas, então ela chega: prepotênte, escandalosa e oportunista.
 Suas ofertas nos saltam aos olhos, não há muito o que recusar, a única coisa que a senhora responsabilidade pede a você é o seu compromisso para com ela. Passe horas do seu dia dedicando-se à uma certa função, e logo encontre a recompensa pelo seu feito. Ao citar recompensa, não me refiro apenas à área financeira, como também à outros aspectos de uma vida responsável: ganha-se respeito, prestígio, moral e alguns pontos no caráter. Ser responsável é como cumprir uma missão num jogo de RPG, a única diferença é que essa missão pode se tornar um fardo, este com um nome mais comum: rotina.
 Não pretendo enrolar muito com este trapo, justamente pelos motivos citados acima; tenho responsabilidades a serem atendidas amanhã pela manhã, tarde e noite. Meu dia está cheio durante toda a semana, e assim deverá ser por algum tempo, estou escrevendo este post com um certo medo de não poder mais dedicar meu tempo ao TRAPO, mas tenho certeza que irei dar um jeito de estar presente aqui e falar mais do assunto; andei pensando em aumentar a equipe, mas esta hipótese foi descartada, colocar alguém para escrever aqui só me traria mais preocupações.
 Enfim, vou encerrando por aqui. Estou feliz, minha vida tem entrado nos eixos, parece que o mundo finalmente resolveu cooperar comigo, costumei levar sempre na mente uma frase interessante, que não sei onde ouvi, mas que me fez pensar muito sobre perseverança:

"Quando se quer muito alguma coisa, o universo conspira em nosso favor."

 Simples e objetivo; eu quero muito viver e descobrir infinitas coisas. Nada me deixa mais inspirado do que saber que o amanhã é um sujeito incerto, e que ele pode estar jogando no meu time.

"A new day is coming..."

sexta-feira, 16 de julho de 2010

CineTRAPO: Mais Um Filme do Capeta

 É um costume do cinema, e um prazer para muitos cinéfilos, assistir à filmes e produções com toques paranormais e diabólicos. O gênero em questão foi sempre tratado como terror, pela grotescas produções de baixo custo; mas considerando a tecnologia e genialidade do coração do cinema mundial - Hollywood, o tratamento se converteu à suspense, sendo o estilo de filme que nos deixa com aquele 'pé atrás'. Principalmente quando é o Capeta o protagonista da parada, a galera gosta disso.
 Todo ano algum diretor visionário nos chega com um 'filme dos infernos'. Depois de Atividade Paranormal, que foi o grande escândalo de suspense no ano passado, a novidade desse ano é o filme Devil. Dessa vez não se trata de nenhum exorcismo bizarro ou casa amaldiçoada por espíritos infantis (dale clichê!), o novo filme diabólico traz um ambiente claustrofóbico e impressionante, o cenário escolhido é nada mais, nada menos, que um elevador. Não conseguiria me imaginar em tal angustiante situação. Genial!

 No enredo, cinco pessoas distintas e comuns pegam o mesmo elevador - sendo curiosamente o elevador de nº6. Como previsto o elevador trava com seus cinco passageiros azarados à bordo, coisas estranhas começam a apavorar o lugar, e quanto mais a segurança do prédio tenta resgatar as vítimas aflitas, mais a situação se complica. Pra piorar ainda mais, uma dessas cinco pessoas presas não é exatamente quem parece ser. Sinistro não?
 O novo suspense tem estréia nos EUA no dia 17 de Setembro, mas eu descolei um trailer pra você, leitor do TRAPO, que assim como eu curte uma bizarrice cinematográfica.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Venenosas Ambrosias

 Eu me senti culpado, eu quase não tive culpa de nada; mas me senti. Um beijo não é só um beijo, e por mais que existam impulsos incontroláveis, ainda somos responsáveis por tudo. Essa denominada culpa está circulando; dormindo e acordando comigo, por mais que ela não me incomode os pensamentos por tempo integral, eu não quero jamais aprender a conviver com ela, já tenho fardos suficientes.
 A vida me pegou de surpresa mais uma vez, numa doce imagem: singela, quase congelada. Olhando pra mim, fria e ao mesmo tempo dócil, seu coração está despedaçado pelas maldades de um certo alguém; tenho prazer em estar do lado dela mas eu continuo assustado. Há algo impróprio nesses lábios de pura carne, algo que talvez eu não queira descobrir, ou já tenha descoberto.

 O cenário então torna-se confuso, porém coerente. Eu sei exatamente onde estou pisando e o que estou fazendo, eu me sinto mais assediado cada vez que me aproximo; quanto mais perto, mais perigoso fica. O meu corpo chega a pulsar de emoção ao ver tanta gente em reverência; afinal, o que ando fazendo não é nenhum crime, talvez um pecado, mas nunca um crime. Esse assédio me incomoda, de forma indefinida eu acabo me acostumando; o perigo nunca esteve tão perto de mim, me chamando para brincar. Às vezes resisto, mas minhas pernas caminham ao encontro. Involuntáriamente estou mais perto do abismo, ainda mais perto de todos.
 Um pequeno impulso faria com que a multidão pulasse dali, mas eles certamente preferem estar na ponta. Tudo está tão tenso e ofegante que começa a cheirar mal, e muito.

 Cercado de amigos e colegas momentâneos, eu sei que algum dia eles não se lembrarão de mim, um deles irá me jogar desse abismo caso eu não o jogue antes; o nome disso: convivência.
 É uma doce agonia, amarga no fim. Eu gosto do sabor escorregadio de lidar com todo esse motim, a rebelião dos meus seguidores ainda não começou, claramente eu ainda não possuo muitos, mas já tenho alguns na mira. Usar minha intuição para definir as companhias foi algo sagaz, mas que quase me afogou no mar das minhas insanidades; as pessoas vivem, crescem, choram e lutam como eu, por isso eu nunca espero o mesmo sorriso simpático, de uma mesma pessoa, durante os sete dias da semana.
 Eu aprendi a lidar com muita coisa, aprendi a aceitar a garotinha linda da outra sala, que resolveu me abraçar e dizer instantâneamente que me ama, sem ao menos me conhecer. Os novos ambientes transformaram meu pensamento e minha índole, minha lista de pecados não está mais tão limpa - difícilmente esteve. Minhas chances cresceram e meus limites se alteraran, não sou mais o mesmo pois estou indo mais longe e mais fundo. Estou perdendo o medo de errar, aceitando que todos estão no mesmo barco que eu. Eu queria muito poder levar algumas coisas e pessoas à sério, mas isso ainda vai levar algum tempo; lento ou veloz, será o tempo necessário para que eu me adapte à nova sociedade.
 Estranho pensar que toda essa minha experiência é só o começo de muitas outras aventuras. Julgar como aventura é bastante impróprio, um belo drama cairia bem diante disso. Tudo é muito imprevisível, como o céu: por mais que vejamos previsões do tempo nos jornais da TV, ele sempre nos surpreende; no calor ou no frio, nunca estaremos satisfeitos. Talvez seja apenas uma questão de idade e consciência, a verdade insolúvel é que todos estamos sujeitos às fatalidades. Por mais que o caminho esteja errado, ele sempre nos trará algo de bom, independente se o dia estará nublado, sombrio ou ensolarado.

 Dentre minhas observações, destaco os sentidos presentes em mim. Conforme o relógio dá suas infinitas voltas, meu tato tornou-se menos pegajoso e bem mais voraz; minha audição mais perspicaz e a visão mais clara, mesmo diante de tempos sombrios. O bom oufato se apurou de forma à sentir perfumes escondidos em frascos rejeitados. Na absoluta dissolução de cada sentido, o paladar tornou-se impecável: onde o mais apreciado banquete dos deuses pairava sob o céu da minha boca, mas não mais descendo pelo nó da minha garganta. Esses venenos repetidos jamais provocarão um mesmo efeito em mim.

domingo, 11 de julho de 2010

Sociedade dos Sem Graça

 Eles existem, acredite. Eles estão em algum lugar, muito bem escondidos e discretos, esperando por você enquanto sua cabeça bola idéias legais e descontraídas. Quando você pensar em fazer algo para levantar o astral da galera, dar uma animada no ambiente; eles estarão lá.
 Estes são seres normais e patéticos, como muitos da nossa convivência diária; normalmente eles se julgam muito espertos, sagazes demais; acreditam firmemente que sua vidinha mediocre e seus ideais egocêntricos irão prevalecer diante da sociedade e levá-los à algum lugar; alguns chegam ao hospício à tempo. Eles se excluem de tudo, acham tudo o que você - ou os outros - fazem uma grande balela, suas preocupações concentram-se apenas na sua aparência e na sua moral diante da galera; por natureza são aqueles que odeiam pagar mico, por isso sempre jogam a culpa nos outros e depois fecham a cara, dando aquele ar de 'eu jamais faria isso'. São perfeitos oportunistas, nunca perdem a chace de desanimar você.

 Esse tipo de pessoa não possui um estilo próprio, eles estão sempre copiando modinhas de todos os lados e de todas as culturas. São extremistas e por isso se acham bonitos, ou feios demais. Adoram Che, Bob Marley e até mesmo Hitler, mas mal sabem quem foram ou o que fizeram para a sociedade, para o mundo. São defensores da zuação sem limites e não aceitam que ninguém ultrapasse suas regras particulares, quando ocorrido eles partem para a extrema ignorância.
 Todos eles possuem um perfil prepotente na internet; decifram e criam belas poesias com dizeres românticos e lições de moral baratas, no final de cada frase eles chamam 'não sei quem' de recalcado e colocam uma risadinha típica de perfis públicos, para amenizar sua enorme futilidade. Adoram comunidades que citam duzentas mil coisas para se fazer/irritar/zuar e afins; são considerados pelas pessoas de bom senso como 'mentes digitais', por se acharem devidamente confortáveis vendo que centenas de pessoas participam das mesmas comunidades inúteis que eles.
 A maioria destes nasceram rindo da cara do médico e mandando a mãe à merda. Podemos perceber isso ao ver que se acham superiores a qualquer coisa e qualquer um; estão sempre odiando algo ou alguém, marcando briguinhas e confusões, fora o fato de acharem tudo uma grande besteira. Mal sabem eles que suas vidas não fazem a mínima diferença dentro da nossa sociedade capitalista (defendo até a morte!) e que seus amigos irão arrumar outros iguais ou perecidos com eles.
 A grande curiosidade acerca de tal desgraça vivente é que eles são muitos. E apesar de possuirem caracteristicas que os diferem, são todos alienados e iguais no pensamento; estão todos programados para frustar você e todos os seus planos. Caso você se sobressaia contra algum deles, eles farão questão de declarar o enorme ódio que sentem por você; poucos percebem que todo esse repudioso sentimento não passa de uma inveja, e que ele queria apenas ter a coragem que você tem: com grandes ambições, em grandiosas conquistas; eles não sabem o que é isso.
 O antídoto contra essa laia maldita de sangue-sugas dos sonhos alheios é a resistência. O principal objetivo desses fracos é fazer você desistir de ser você mesmo, e rirem antes e depois da sua rendição; dessa forma você se tornará um deles, o que não é muito difícil, acredite.
 Sua permanência diante do que você quer é tudo o que te levará diante do sucesso. Pessoas de nível citado aqui não possuem sonhos ou ambições, eles só querem viver numa boa, achando tudo que os outros fazem um saco; eles estão sempre incomodados com a felicidade alheia, por isso eu aconselho que você os incomode sendo feliz ao máximo. Eu e você nunca vamos conseguir extinguir essa raça da face da Terra, mas olhe sempre pelo lado positivo da situação: conviver com esses pessímistas é a grande chance de ver o quanto você e seus sonhos valem a pena. Na dúvida, mande todos pro inferno - cedo ou tarde eles estarão lá atormentando os planos do Capeta.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Querido Psicopata Interno

 Então, o que te impede de matar alguém? Eu diria que você tem consciência da sua culpa; ou você vai simplesmente colocar em jogo a sua integridade, apenas para satisfazer uma vontade sangrenta? Em uma simples caminhada pela noite percebi que minha sombra toma grandes proporções enquanto me afasto da luz dos postes; é uma metáfora interessante.
 Antes que pensem que estou pirando, deixo claro que tenho passado muita raiva. Apesar da minha idade propícia, nunca pensei em suicídio - me amo demais pra isso. É difícil olhar em volta e perceber que ninguém pode fazer nada por você, ao mesmo tempo isso é bom pois percebe-se que a vida te propõe um desafio: resolva os seus problemas sozinho.
 Quando o nível interno da paciência chega perto do limite, não queremos falar, pensar, olhar e muito menos ouvir nada de ninguém. Sentimos que estamos perto da ponta, e que ela está pronta para nos fincar o estômago. Uma raiva indenominada, diferente do ódio - que vem a ser um sentimento frágil e muito preciso.
 As maneiras de extravasar o psicopata dentro de você são ilustres, por vezes funcionam, e em muitas queimam o seu filme. Comece entrando em comunidades revoltadas, isso mostrará a todos os seus amigos o quão irado você está; em seguida coloque o emoticon da raiva no seu msn, fique online e escreva: "Não estou pra ninguém!" Poste musiquinhas coléricas e frases diabólicas, explicite as maldades que você é capaz de fazer; prove o quanto você é patético.
 Pessoas verdadeiramente más não fazem isso, mas agem silenciosamente, não possuindo a necessidade de mostrar pra ninguém o que está 'prestes a acontecer'. Afirmo isso com muita certeza, não por ser um vilão, mas por assistir muita TV; e não me venha com esse papo de que televisão não presta, você que pensa isso não passa de um desiludido seguidor de modinhas criadas pelos canais jovens, e pelos inúteis movimentos socialistas/comunistas.
 Verdadeiramente todos somos donos de uma personalidade escondida, o chamado alter ego - na tradução latina, o 'outro eu'. Por mais que tenhamos centenas de amigos para nos confortarem com depoimentos no orkut, sabemos que nenhum deles poderá fazer por nós um trabalho que somente nós mesmos podemos realizar. Mais uma vez a vida nos impõe: resolva seus problemas sozinho.
 Lamentar é algo realmente deprimente, uma atitude condenada pelo mundo e até mesmo pela religião. Somos seres humanos e temos o direito de chorar pelo que acharmos conveniente, mas é justamente por sermos estes complexos e eternamente estudados seres, é que temos o dever de buscar com nossas próprias mãos a solução que nos cabe; questão simples, de puro bom senso.
 Cada um de nós possui um corpo somado à mente e ao espírito, a união das três unidades forma o equilíbrio humano, e caso uma delas se sobressaia você estará fora de controle: seu corpo irá te destruir, sua mente será articulada até que seus neurônios se explodam, seu espírito será vendido e você se perderá na escuridão. Não é o que todos querem, mas é o que muitos aceitam.

 "Lado bom e lado mau se enfrentam mais uma vez na sala dos espelhos. Sem ao menos se mover o tinir das espadas é sentido em estrondos, sangue fresco se espalha diante do corpo imóvel; das retinas saltam lágrimas de redenção e dor, o coração forte bombeia segundos intermináveis de tensão, suas explosões possuem decibéis que os ouvidos não conseguem assimilar, a mente se contorce. Ainda assim a sala continua limpa, os espelhos e os reflexos nunca sairam do lugar."
(Sérgio Bitencourt)

terça-feira, 6 de julho de 2010

Rotina Abstrata

 Dias estressantes são freqüentes por aqui. As vezes eu os confundo, penso até que eles estão dentro da minha rotina; como se passar raiva fosse um compromisso, com data, hora e local para acontecer. Em alguns dias eu não consigo ouvir o silêncio - isso me faz mal. Então a falta de paz (sabe paz? - por Rômulo Fegalli) me incomoda muito, e não adianta vir me questionar, porque eu sei muito bem o que é isso, já estive próximo e pude contemplar a sensação.
 Eu não estou falando do mundo, nem da fome, nem da guerra, estou falando de pessoas. Minhas idéias não possuem proporções magnificas e/ou mundiais, pelo menos por enquanto. Não demorou muito e aprendi que quando se tenta 'abraçar o mundo', acaba-se ficando sem os braços.

 Estou de fato tratando de pessoas, elas nem sabem mas eu estou. Observando, eu fico ali quietinho, com a mesma pose de menino idiota e feliz, poucos percebem; mas nunca os meus 'pacientes'. Essa relação médica vem a ser bastante informal, ajudando mais a mim do que eles. Todos me mostram o que não devo ser, o que não devo fazer; são tão doentes, insignificantes, têm sonhos pequenos, seus olhos brilham diante da pura ferrugem; meus 'pacientes' me ensinaram o que não apreciar, em outras palavras: eles me vacinaram.
 Eu estou melhor agora, depois de andar muito até em casa, me asentei na cama e por ali fiquei durante muito tempo. Minha consciência estava ligada do momento, mas minha mente estava fora; breve momento de descanço, um conforto abrangente invadia meu espaço, eu senti naquele momento que ainda havia esperança, eu ainda não joguei fora minha vida como muitos fizeram. Me levantei e preparei um gelado e delícioso achocolatado, nunca pensei que ficaria tão saboroso.
 Mas a paz que mencionei no início ainda não tinha chegado, logo eu me deparei com a cara amarrotada de um fantasma dentro da minha cozinha; ele nem me assusta mais. A figura fantasmagórica tem nome: preguiça. Tudo que ele quer é me matar de inveja, pois fica o dia todo dentro da minha casa, perambulando pelos quartos, abrindo as portas dos guarda-roupas, sentado diante do computador e dormindo. Felizmente a inveja que esse coitado tenta me provocar tem passado longe de mim, eu sei o que é não ter nada pra fazer e como é deprimente ficar sem nenhuma ocupação decente. Mesmo assim ele ainda está aqui e deve ficar por muito tempo, mas a presença dele está sendo lentamente ignorada, pouco a pouco se desfaz diante de mim.
 Voltando para o achocolatado, ele desceu muito bem acompanhado de um delícioso sanduiche de bolonha. Meu cansaço mental era tão grande que demorei meia hora para devorar tudo; depois do dramático lanche, me bateu um sono pesado e fui dormir tranqüilamente. Acreditei que a paz pudesse invadir minha mente durante o sono. Mesmo assim nada fazia muito sentido.
 Infelizmente o silêncio ainda não era real, eu continuava ouvindo músicas para dormir, e ao longe o som da CPU ligada bombava uma sensação de tortura no meu cérebro. Não sei por quanto tempo apaguei mas não sonhei com nada - o que acho muito bom. Logo as luzes do quarto começaram a se acender na minha cara, parecia um delírio até perceber que era o fantasma enchendo o saco e sussurando: "Vou sair. Preciso me arrumar!" A sensação foi tão boa quando ouvi isso que relaxei e esqueci as luzes que doiam na minha retina. Ele vai sair e eu sei que logo vai voltar; mas isso não me interessa, ficar sozinho era tudo que me importava, eu não queria nada mais.

 Então o fantasma foi embora e eu soltei um grito de alegria. Me levantei vorazmente e corri diante da casa para ter a certeza que estava mesmo sozinho; o escuro me indicava o vazio, foi um momento perfeito, não haviam músicas tocando, a CPU estava desligada. O silêncio chegou até mim e me tocou educadamente, trazendo consigo a minha paz.
 A companhia dos dois durou pouco menos de duas horas, mas foi o suficiente pra mim. Se o silêncio ficasse o tempo todo ele iria acabar me incomodando e eu teria que mandá-lo embora de forma grosseira; a paz quase sempre o acompanha, então ela também se foi, mas deixou um pouco comigo. Antes de ir ela disse: "Tome um banho, relaxe e esqueça." Eu agradeci e me despedi dela, agora encerro esse trapo e me despeço de vocês, vou tomar o meu banho, relaxar e me esquecer.

domingo, 4 de julho de 2010

Dor de Cotovelo Esportiva

 Que o Brasil tomou no c# de novo todo mundo sabe, eu bem que pensei que a festinha tinha acabado. Mas brasileiro é um bicho desgraçado! Depois da humilhante derrota - de virada - contra a Holanda, em vez de todos se calarem em respeito ao esforço feito pelos jogadores e pelo técnico Dunga, começaram a rogar praga no Maradona e na seleção argentina.
 A semana do fracasso brasileiro me fez ver o quanto é vergonhoso ser de um país que não consegue se calar diante das derrotas. Mesmo depois de tudo os brasileiros continuam se achando o máximo, continuam pensando que são a última bolacha do pacote; agora usando a desculpa cretina de que a derrota da Argentina pela Alemanha foi muito mais humilhante que a do Brasil, que mais uma vez não alcançou a sexta estrela, e continua sendo o país do 'futebol-arte'.

 Eu não sei que por#@ é essa de 'futebol-arte'. Posso até ser desinteressado no esporte, mas sei muito bem que futebol é bola no pé até à rede, com um mínimo de estratégia nos lances e jogadas ensaiadas. Mas o país da merda do futebol precisa fazer bonito: chegar ao gol não é tudo, os passes precisam ser de primeira categoria, assim como a passagem de volta pra casa. Cambada de jumentos milionários!
 Saindo do rumo da seleção, vamos tratar de um outro efeito curioso. Aqui no Brasil a derrota da nossa seleção já foi esquecida, e só será lembrada na retrospectiva do ano na TV como o grande fiasco da copa (de novo!).

 A moda agora é zuar a Argentina, afinal ela era a única seleção com chances não é mesmo? Me corrijam se caso eu estiver desinformado, mas não há motivos plausiveis para tanta rivalidade.
 Como sempre, no orkut tudo vira festa. Basta uma simples pesquisa para ver a cacetada de comunidades criadas zuando a Argentina. Até porque é muito mais vantajoso zuar o inimigo do que assumir nossa derrota; ninguém consegue admitir que o Brasil está na mesma questão argentina: nós também perdemos e foi nas quartas de final, assim como eles. Julgando de modo técnico, os dois países estão quites, mesmo porque tanto Dunga quanto Maradona pediram conta com essa derrota. O 'arranca rabo' entre Brasil e Argentina é simplesmente patético e inútil.
 Daqui do meu canto, eu imagino que muitos argentinos possuem o mesmo fanatismo e rivalidade que existe no Brasil. Mas eu estou do lado de cá, portanto não posso falar do que não sei. Por hora eu desejo apenas boa sorte a todos os torcedores que ainda estão arrotando a derrota inimiga, afinal isso não vai durar muito tempo, mas fico triste pois sei que nunca vai acabar.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Brasil FAIL! - Parte 1

 Patriota. Nunca fui, acho que nunca serei; mesmo assim não gosto da palavra 'nunca', posso me arrepender por usá-la. Acordei tarde de novo, meus fones não estavam mais nos ouvidos, meu cabelo vassourado me fazia parecer um monstro. Pouco a pouco eu tomava consciência do ambiente, ainda estava confuso, sem saber o motivo de algumas movimentações desorientadas dentro de casa, quando finalmente me lembrei: hoje tem jogo, jogo do Brasil.

 Há algum tempo eu iria escrever aqui no TRAPO sobre o que aconteceria no caso de o Brasil perder essa Copa do Mundo; mas o país foi mais rápido que eu, perdeu antes da minha postagem; cretino não?
 Todos os jogos foram seguidos das memsas bobagens, eu não aguentava mais ver as propagandas prepotentes de cerveja na televisão: "... e aí? Vai encarar? Sou o Brasil! O grande fiasco do ano!". O som das vuvuzelas incomodava muito, cheguei até pensar que esse instrumento maldito fosse pior que a voz de moça do vocalista poser do Restart, mas concluí que não. Vuvuzelas possuem um tom mais... masculino talvez.
 No primeiro jogo, entre Brasil e Coreia, estive na Praça da Estação, em Belo Horizonte, para acompanhar e gravar a minha - até então adiada - estréia no HumorNet. Gente bonita, bem produzida, todo mundo unido, uma só nação; e qual a razão? Um jogo de futebol. Ninguém se preocupou em comprar um refrigerante para o faveladinho descalço que perambulava nas redondezas, apesar de felizes muita gente estava desconfiada, olhando de um lado para o outro, desnorteados. A Copa do Mundo tomou proporções diferentes pra mim desde a última, em 2006. Não consigo encontrar uma boa razão pra tanta hipocrisia!
 Eu não duvido de pessoas que passam mal ou morrem pela emoção grandiosa de assistir ao jogo da pátria, realmente muita gente não tem melhor ocupação, e nem bons motivos pra morrer. E até agora a dúvida fica, que merda de Copa do Mundo é essa? As vinhetas da TV mostram o lado bonito da África, mas e o lado podre? Onde está o devido investimento para os pobres africanos esfomeados? Eu não pretendo dar uma de moralista, pois admito que não me preoupo muito com a vida alheia. Mas sejamos francos em dizer, a Copa do Mundo é um festival para ricos e afins.
 Me perguntaram por esses dias por que os treinadores das equipes não morrem de emoção, ou desgosto. A resposta me soou clara, o misero salário deles óbviamente não os permite enfartar, até porque uma vitória ou uma derrota, aqui ou ali, que diferença faz não é mesmo?
 Realmente eu consigo sentir essa 'aura' de copa no ar, uma certa alegria hipócrita, a satisfação de faltar à escola, ou ao trabalho. Reunir a família para almoçar, chingar o Dunga, vibrar por algo que talvez não seja inútil, mas com certeza é vazio. Garotas babam nos jogadores, ficam furiosas caso falem mal deles; tenho a convicção de que os jogadores também se enfurecem caso falem mal delas. Os bares se enchem de gordos chopeiros falando 'nada com nada', e pra variar sempre tem um pessimista torcendo pelo outro time, quando tudo que ele quer é caçar uma briga.
 Isso é copa pessoal! Esse é o espírito que não faz nenhuma diferença.
 Eu realmente acho magnífico os acabamentos dos estádios e a grande festa feita pelas torcidas, mas isso está restrito ao local da copa, nós aqui no Brasil não podemos mandar nosso espírito até a África para que o Kaká forme sua Genki Dama sagrada e ganhe a copa. O que eu quero dizer é que torcer é inútil quando não se faz a diferença; quando vou aos estádios torcer, grito e vibro pelo meu time pois estou ali, alimentando a enorme voz da torcida; mas não vou de forma alguma perder minha garganta gritando dentro de casa, enquanto tenho muita coisa pra fazer.

 A copa se foi para o Brasil, mais uma vez o país do 'futebol-arte' levou no c#! Adorei ver a expressão de muitos brasileiros decepcionados, explicitando nosso grande defeito, o de contar vantagem antes da hora. O jogo só acaba quando o juíz apita, e não antes disso. Mas brasileiro é assim mesmo e assim sempre será, em 2014 a prepotencia do trocedor brasileiro será ainda pior, eles irão dizer que estão em casa e que aqui ninguém vai tascar o hexa. Atrasado hexa.

 Minha cidade ainda está verde e amarela, mas as ruas se calaram; as buzinas se calaram, fanáticos gritando nos carros se calaram, os pirralhinhos berrando no prédio à frente do meu quarto se calaram, as vuvuzelas se calaram, o Galvão se calou. Que bendito silêncio, o silêncio da nação podre e subdesenvolvida que usa o seu futebol como desculpa pra tudo. A essência morre a cada dia, quem sabe o dito apocalipse em 2012 não salve o Brasil de mais um fiasco?