quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Sobre Casualidades

 Se levamos uma vida satisfatória,
por que não podemos idealizar nossa perfeição?

 A pergunta é simples de ser respondida, mas a mesma resposta simples gera uma série de controversias e acaba criando um universo de novas perguntas, como: O que seria melhor? Procurar o que se quer ou esperar que o inesperado nos encontre? Constantemente o casual e o proposital se chocam. Em sua eventual maioria, aceitar as mudanças torna-se bem mais fácil que tentar mudar os fatos. Mas qual é afinal o resultado de uma decisão arriscada? Não seria isso agir sem perspectiva, como se nos entregassemos nas mãos do Sr. Destino?
 Difícil explicar. O casual só é compreendido como experiência.

 Não há uma data ou uma hora certa para acontecer; simplesmente acontece. Situações que não se combinam e que são impossíveis de prever. Suas causas não se justificam aos fins ou aos meios, muito menos aos seus caminhos marcados. Ocorre como se seus passos fossem guiados numa profunda escuridão, lentamente, até que subitamente esbarrasse em outros pés perdidos. A casa das suas reações entrará em vigor e logo você poderá fugir das surpresas, ou enfrentá-las com um sorriso forçado. Sua farsa pode ser convertida em atos maiores e verdadeiros, ou somente tristeza quando não há harmonia.
 Não saber é um óbvio mistério. Descobrir é uma iminente aventura. Olhar sempre para onde está seguindo pode não ser a certeza do plano perfeito. Talvez você não precise iluminar o caminho, pois sua confiança o enganará, assim você não se arrependerá do que pensou que se arrependeria. Que viagem...
 Nossos planos são arquitetados na forma sólida dos nossos pensamentos. Nossa força de vontade, ainda que baixa, existe; e nos motiva a prosseguir e alcançar o objetivo. As ferramentas e o processo que usamos para acertar os ponteiros e caminhar na direção de nossos sonhos são diversos e ilimitados. Nossas perspectivas diante de um mundo de opções podem mudar, ou não, ou apenas sofrer pequenas adaptações. Normalmente buscamos a persistência e costumamos declarar que a esperança é a última que morre. Mesmo caindo e sangrando estamos nos levantando e limpando nossa honra contra os que cospem. Enfrentamos uma árdua caminhada por alcances infinitos, mal esperamos que simples eventos poderão mudar para sempre nossa percepção; e porque não, todos as nossas perfeitas idealizações.
 Uma tremenda confusão se forma na minha cabeça quando o assunto é o presente e o futuro. Particularmente, detesto comentários conservadores sobre a visão ideal do ser-humano pelo mundo. Por outro lado admito não morrer de amores pela opinião liberal. Não, eu não estou em cima do muro. Defendo a idéia de regras que assegurem o bom dia seguinte, mas que ninguém deixe de viver por isso.

 Ninguém, por mais velho que seja, possui um controle absoluto de sua vida. Não sabemos se amanhã estaremos na mesma condição. Queremos sempre mais pois é da nossa natureza sermos competitivos. Mas qual é a razão das competições se nada é assegurado? Sua vitória não ficará de pé por muito tempo. Aonde você esconderá sua vergonha?
 Não será necessário se preocupar, pois talvez seu fracasso também desapareça. Acredito em Deus e no metafísico, mas considero tola a atitude de largar tudo contra a vontade da vida. Nossa capacidade nos permite alcançar, por mais que o resultado não seja garantido por provas inquestionáveis.
 Concluindo: nossos planos são constantemente afetados por algo que não está dentro do previsto. Sua rota poderá mudar, assim como o seu ponto de chegada e partida. Um dia de cada vez, mantenha-se calmo e concentre-se naquilo que existe e se move diante dos seus sentidos. Acima de qualquer suspeita, não se assuste se uma inesperada situação pegá-lo de surpresa e jamais tenha medo de arriscar sua conduta quando sua alma grita por algo necessário.

 Guarde para si mesmo a certeza da maior casualidade humana - a dívida de todos os homens - a morte.

Um comentário:

  1. "Ocorre como se seus passos fossem guiados numa profunda escuridão, lentamente, até que subitamente esbarrasse em outros pés perdidos".
    PERFEITO... Já pensou que a casualidade pode ser até interessante? Surpreendente?
    Muito bom.... =)

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