domingo, 7 de novembro de 2010

CineTRAPO: Jogos Mortais

 Iniciada em 2004, a série de filmes Saw, conhecida no Brasil como Jogos Mortais, chama a atenção de um especifico público em questão. A trama mistura ambientes claustrofóbicos, vítimas fora de controle, armadilhas impiedosas, o arquiteto das maldades, vulgo Jigsaw, e a principal instituição desafiada pela audácia do misterioso justiceiro, a polícia. O impacto causado pelo primeiro filme chocou aos telespectadores, essa crítica foi fácilmente convertida em sucesso absoluto do terror em bilheterias de todo o mundo, gerando a série que atualmente passa por seu sétimo episódio, que julgam ser o último. Sem nenhuma discussão, Jogos Mortais é o maior destaque de terror da década de 2000, entrando agora para a década de 2010.

I. Autopunição
 Fãs e haters da série conhecem a trama básica: um grupo de pessoas sendo testadas até os limites da resistência humana, respondendo por seus próprios erros e injustiças. Cada um dos personagens que passaram pelas armadilhas de Jigsaw tinham uma devida dívida a ser paga com a sociedade, e por ser esta ser camuflada pelo poder persuasivo de cada um, alguém teria que estabelecer o devido equilibrio.

 Assim como todas as vítimas possuem o livre arbitrio e a força de vontade precisa para prejudicar o próximo em seu benefício, Jigsaw lhes dá a chance de escaparem vivos de cada uma de suas armadilhas; não possuindo a intenção de matá-los, mas de colocá-los à prova à fim que descubram qual é o valor de estar vivo.
 Pela mentalidade do autor de todas as artimanhas, o ser-humano ilicito precisa de algo além da tortura psicológica para entender o que é a dor. Fatalmente, essa amarga compreensão só pode ser alcançada diante da impiedosa prática.


II. Presas e Predadores
 Desde o início, as enigmáticas tramas de Jogos Mortais desafiam o poder policial; numa bem montada estrutura que mescla o drama colérico de cada vítima com a árdua investigação dos agentes. Nada parece pior para as autoridades do que saber que existe um maniaco fazendo miséria de muitos criminosos. Por mais que a idéia pareça positiva, as artimanhas de Jigsaw causam, em cada policial envolvido, a sensação de impotência; tanto por não terem conhecimento dos criminosos em oculto, quanto por não conseguirem botar as mãos no esperto estrategista, que se mostra sempre um passo à frente de todos.
 Dentre todos os jogadores das armadilhas mortais, sejam eles criminosos ou policiais envolvidos, a maioria não consegue cumprir a tarefa imposta, mas aqueles que improvisam uma escapatória são devidamente reconhecidos por seus esforços, e os traumas sofridos pelos momentos de terror são capazes de transformar uma vítima sedenta por respostas em um aprendiz da justiça macabra de Jigsaw.

III.  Politica Coletiva
 Em alguns casos, a principal vítima merece algo maior que um jogo rápido entre a vida e a morte. São em situações como essa em que Jigsaw aplica certa responsabilidade contra o sujeito, obrigando-o a jogar não com sua própria vida, mas com a vida de outras pessoas; possivelmente aquelas que encobriam o grave erro daquele testado. A sensação de assistir alguém lutar sozinho pela sobrevivência é completamente diferente de acompanhar o torturante esforço de um em função de uma outra vida.
 Assim como Jigsaw propõe a força-tarefa em determinadas situações, há aquelas também em que apenas um deve sobreviver para que o jogo termine. Enxergar sua sobrevivência em outra pessoa é banal diante do terror promovido em cada armadilha, por isso a situação não depende de um sacrifício próprio, mas da fúriosa luta travada entre cada um dos participantes.

IV. Jigsaw
 Diferente de muitos maniacos e psicopatas espalhados pelo mundo, Jigsaw nunca planejou iniciar uma corrente de jogos infernais que causasse tanto alvoroço. Tolos ou não, existem sempre motivos que levam um homem furioso à agir de forma intensa e cruel. Neste parâmetro, ele se iguala aos outros, pois também houve uma motivação que alimentasse seu ódio pela impunidade e injustiça.
 Seu verdadeiro nome é John Kramer, um homem de idade avançada, casado com a enfermeira de um centro de reabilitação para drogados, Jill Tuck; ambos felizes pela gravidez de Jill. Certa noite, um dos pacientes tentava fugir quando abriu violentamente uma das portas da clinica contra a enfermeira, lançando-a contra a parede e, consequentemente, matando o inocente bebê prestes a nascer.

 A ira de John pela perda de seu filho o motivou a procurar o viciado e questioná-lo sobre sua vida; este paciente fora então a primeira vítima dos jogos mortais. Após a morte do sujeito, John descobre que é portador de um câncer e se divorcia de Jill, alegando que seu amor por ela havia acabado. Ele tenta se matar mas percebe que o tempo que lhe resta de vida ainda lhe pode ser útil. Logo, à partir da traumática situação e ao saber que seu tempo de vida esta contado, John Kramer torna-se Jigsaw, o excêntrico arquiteto de sua própria justiça e mentor dos jogos mortais.


V. Boneco Billy
 A criatura sinistra é como um animal de estimação para Jigsaw. Ele utiliza o boneco para se comunicar com as vítimas dos jogos, seja através de sua assustadora aparência ou apenas pela diabólica voz gravada por seu criador. Apesar de muito macabro, Billy era uma criação de John Kramer desiganada a ser o primeiro brinquedo de seu filho com Jill, mas depois do acidente que matou a criança, ainda na barriga da mãe, John decidiu usá-lo como portavoz, como se seu filho morto pudesse se comunicar com cada vítima.

VI. Fantasia
 Tanto Jigsaw como seus aprendizes utilizam uma espécie de fantasia para esconder suas respectivas identidades durante o andamento dos jogos. As peças básicas são uma túnica vermelha e preta junto à uma sinistra máscara de porco. Alguns dos alunos mudaram o estilo da veste, como exemplo de Hoffman, que permaneceu usando uma velha capa de chuva azul escuro.
 A túnica é uma capa comumente usada em bailes de halloween. A máscara de porco obteve importância para Jigsaw pois foi a fantasia que ele usava na noite de seu primeiro ataque, além de ser a ferramenta usada por ele para esconder a toxina que ajudaria a capturar o drogado que matou seu filho ainda na barriga de Jill.

VII. Obra de Arte
 É difícil encontrar - na TV, cinemas ou locadoras - filmes que abusem de uma trama altamente bem estruturada e que possuam a audacia de desafiar o telespectador a cada segundo. Jogos Mortais é, em minha opinião particular, a série mais intrigante de uma década, considerendo a mistura perfeita de terror sanguinário e ação policial em tempo real. A conexão entre cada um dos personagens montam um quebra-cabeças digno de atenção; a inteligência aplicada em cada armadilha segundo seus objetivos possuem uma maestria artistica e elegante. Uma combinação em dosagem certa, provando que ainda existe vida inteligente respirando no magnífico império cinematográfico de Hollywood.

7 comentários:

  1. Eu lembro quando lançou o primeiro jogos mortais e geral elogiou, puutz, achei um saco... Vi o segundo e não vi nada demais tbm, e desisti. Depois surgiram milhares de genericos como Wolf Creek que só me fizeram dormir nas sessões.

    www.teoria-do-playmobil.blogspot.com

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  2. Não é meu estilo.Mas está bem escrito.

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  3. Terror?
    Ninguém merece.

    Banalização total de violência. Justiça com as próprias mãos? Nada criativo.

    Mas faz jus ao nome.

    =/

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  4. pra ser sincero, nunca gostei muito de jogos mortais, passou da trilogia perde a graça

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  5. É, tbm não sou mto fã, mais é massa. O q eu to na cola mesmo é o Harry Potter, vai ser em 3D tbm.

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  6. Esses filmes são mtos cinistros, só assistir até o 4°, e gostei. Mto bons.

    Tô te seguindo, me segue também

    http://www.daianecristinasilva.blogspot.com/

    Beijos'

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  7. Jogos Mortais é PERFEITO e IRRETOCÁVEL. Suspense e terror na dose certa, expectativa e IMPREVISIBILIDADE. No aguardo do VIII.

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