terça-feira, 21 de setembro de 2010

Descanso Involuntário

06:50 - O Sonho e o Despertador
 Essa noite tive um sonho: nele eu estava acompanhado de um desconhecido, mas que por alguma razão parecia ter minha idade; ele (o desconhecido) estava me levando até uma outra pessoa, rotulada como "mestre". Nisso, antes que eu pudesse subir o pequeno lance de escadas à minha frente e me encontrar com o dito cujo, meu Nokia Tune me despertou; hora de levantar e encarar mais um dia de rotina. Frustrado, programei o atraso do despertador em dez minutos para poder voltar ao sonho.
 Involuntariamente, eu sentia gostar de estar na presença do homem gordo e saltitante. Seria ele o tal mestre? Meu condutor estava calado, mas estampando um sorriso simpático. Ao mesmo tempo em que toda aquela viajem possuia tonalidades reais, começou a ganhar misteriosamente um tom cômico, como se um desenho animado tivesse invadido meu sonho. Eles se comunicavam bem, mas numa lingua que eu não pudia compreender, muitas vezes eu via apenas suas bocas se mechendo sem som algum; mesmo estando concentrado era impossível decifrar por leitura labial aquilo que os dois conversavam. Não me passava pela cabeça explicações racionais ou decentes para esse tipo de sonho, eu sentia ao longe que o tempo estava se esgotando para mim. Nokia Tune tocou de novo, mas dessa vez eu já o aguardava.

07:00 - Incômodo Matinal
 Sempre estive muito acostumado com a pontualidade, por isso perdê-la me causa tremenda raiva. Dormir em locais escuros demais me faz encarar a luz do dia com dificuldade, então tenho que andar com a cabeça coberta por um edredom e olhando sempre para o chão, quase sempre batendo a cabeça em alguma coisa. São muitas tralhas para arrumar logo de manhã, enquanto isso minha cadelinha prenha e feliz só pensa em brincar comigo por eu ter acordado. Algumas coisas até tentam me alegrar, mas minha cabeça está quente demais para que eu me atente com o mundo externo das minhas preocupações.
 Estou vestido com a calça errada, deixando meio mundo de materiais para trás, tenho uma prova de sessenta pontos para fazer e um caderno de questionários para apresentar. Como em todos os dias de rotina, minhas mãos estão queimando de tensão, por vezes eu as coloco no congelador durante alguns segundos até que se queimem de frio. Minhas meias não querem colaborar comigo, uma pequena ponta da parte direita está avulsa no meu pé, tudo isso junto com o ferro das minhas botas, que parece estar mais apertado que o normal, me causa um incômodo dos diabos. Meu café havia sido feito durante a madrugada, a garrafa térmica o conservou aquecido e então finalmente pude provar algo que prestasse.
 O caminho até o início do dia é cansativo  e nunca se sabe quando está calor ou frio, normalmente o clima vem sempre contrário à minha intuição. A sensação de cansaço, já no início do dia, é grande a ponto de me fazer querer sentar ao lado dos hipies para perguntar se a vida nômade deles é mais sofrida que os meus distúrbios matinais. Chegando ao ponto de partida, respirei profundamente para tentar relaxar.

12:00 - Sol e Vinagre
 A primeira metade do dia foi enfrentada com sucesso, tive tempo para reorganizar pendências e fazer uma boa prova enfim. Saindo, liguei meu MP4, coloquei meu Ray Ban falseta e ali segui meu caminho curtindo Owl City e viajando na vibe das excêntricas batidas; a sensação durou pouco, meu reflexo no vidro dos carros era gordo e feio como de costume e o sol parecia estar fritando meus miolos.

 Chegando em casa retirei os fones mas minha cabeça parecia repetir o mesmo sonzinho cretino, como um alarme dentro do meu cérebro - constatei não estar louco depois que percebi que não era eu o único a ouvir o sonzinho irritante. Ao me perguntarem, o delírio na minha mente soltou apenas um melancólico "tô passando mal".
 Subir alguns metros rua acima depois de tanto alvoroço foi difícil, ainda mais tendo que escutar um relato espetacular de alguém que no momento pouco me interessava. Continuei a subida até o meu almoço do dia, as coisas já estavam começando a embaçar - literalmente - mas ainda resgatava forças na boca para comer alguma coisa e ir direto para a escola. No meio de um breve diálogo sobre o cardápio do dia, tudo escureceu e um barulho oco foi a última coisa que ouvi, fui sequestrado violentamente por um desmaio que me levou à uma escuridão profunda, onde nada era dito, visto ou ouvido.
 Pela terceira vez no mesmo dia, despertei de mais um descanso. Dessa vez eu não tinha me encontrado com mestre nenhum, e também não foi o Nokia Tune que me acordou, eu estava apoiado nas pernas de quem me socorreu, com um gosto azedo nos lábios, a primeira coisa que pensei foi no motivo de minha boca estar com aquela textura maldita, minha cabeça doia muito. Logo eu estava sentado, apoiado sobre minhas mãos, sabendo que óbviamente eu havia desmaiado, mas sem ter a mínima noção de nada e com muito medo de que acontecesse novamente, em locais públicos ou desconhecidos.

13:10 - Retomada
 Mesmo com a impressão de estar horas desacordado, o relógio marcava meu prazo para a apresentação do trabalho de biologia. Passei na farmácia para tirar uma medida da pressão arterial e em seguida fui para a escola. Completei a tarefa com sucesso, dei um oi ao meu trakinas e agora estou de volta em casa. Escrevendo assim nem parece que de fato caí duro feito pedra no chão da copa; afinal, estou me sentindo muito bem neste exato momento. Para tudo tem uma primeira vez na vida, o susto é bastante natural; mas espero realmente não ter minha consciência involuntariamente apagada de novo.

Um abraço à todos.

3 comentários:

  1. Voce é o CARA. Amo o TRAPOOOO Ele é tudo de bom .... (SOL e VINAGRE)É MELHOOO amoo :)

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  2. Q sinistro hein...
    Mais eu acho q vc sonhou com o futuro e o mestre era eu...

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  3. Esta ai um dia insano de um cara insano!

    É sim, você sonhou com o futuro em que o Diego é o mestre kkkkk ... =P

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