domingo, 30 de janeiro de 2011

Os Amigos, os Estranhos e o Paraíso III

 Serginho, você sumiu? Não. Estive na espreita por algum tempo, na verdade eu simplesmente não poderia deixar de observar o declínio. Então, toda essa sujeira é grata a quem? Não a mim, é claro; afinal, eu sumi.
 Mais uma vez minha resposta foi rápida e objetiva, mas não como a resposta acima, esta era a que eu realmente gostaria de usar, mas em respeito à idade e suposta maturidade de quem me questionou, me limitei apenas no "Sumi não. Olha eu aqui!" Acredito que a educação seja mais política que a sinceridade, mas que diferença isso faz, se tudo estará postado aqui, como não poderia deixar de ser?
 Enfim, o cenário está diferente: destruído, na perfeita semelhança dos que propagaram a destruição.
O ar continua tóxico, porém tolerável e não posso dizer que me desagrada. Sinto interessante manter contato com a outra realidade, estar perto sabendo que estou longe, manter na consciência que não preciso de mais nada disso, mas ainda idealizar que muitas coisas voltem ao início, à um novo ponto de partida, para uma chance a mais de fazer melhor, ou piorar mais um poquinho.

 Não é uma questão de tempo ou paciência. Talvez tudo se baseie nas primeiras impressões, no que elas causam e na diabólica mensagem que deixam dentro da mente. Simplificando, tudo continuará sendo como sempre foi e ainda que hajam mudanças e que elas sejam percebidas, existe uma impressão que ficará. Como a imagem do sujeito legal e bem intencionado que não vê nada impuro em desvirginar garotas não tão puras assim, ou como a do cara mau e observador que tenta jogar o jogo da religião da maneira menos ofensiva.
 Meus relatos agora são breves, pois tenho visto e ouvido muitas coisas mas não tenho testemunhado tudo isso, o que deixa espaço para perguntas banais com respostas estupidamente óbvias.

 Contudo, um ciclo viciante de duvidosas verdades está formado a muito tempo, uma bomba nas mãos de todos e na consciência de cada um. No final não haverá punição, mas apenas a mesma mudança de conceito decorrente de todas as noites de domingo. O fim, na verdade, será apenas o recomeço de novas temporadas terminadas em tragédia. Um novo requinte na desmoralização do todo, causado por aqueles de caráter facilmente desviado, banhados à uma indole naturalmente suspeita - demônios.
 Logo não demora muito até que se coloquem de pé e levantem vozes para si. Um coro de esperteza e astúcia circulando pelos interesses sórdidos das falsas promessas e ilusórias amizades. Ouvirei muitos dizerem que nada é como antigamente, quando tudo que ocorre agora é a mesma realidade de antes, a diferença é que há tempos atrás uma hipócrita santidade escondia a podridão debaixo dos lençois.
 Ouvirei relatos de abandono e discórdia, ouvirei o que me interessa e também o que não me importa mais. Emprestarei meus ouvidos à todos e a poucos minhas respostas frias, como dito antes: a educação é mais política. Meu desabafo aqui é algo mínimo diante do que realmente penso. Algumas de minhas idealizações batem de frente com isso, mas durmo tranquilo, sabendo que poderei entrar e sair aos risos nesses territórios sinistros, onde muita coisa ainda me impressiona e há muito não me convence.

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