sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Rotina de Férias II

 Encontrei força de vontade num cantinho e a usei para fazer a barba - e a barbicha também. Mesmo assim, pouco a pouco alguma coisa está consumindo o meu cérebro. Um efeito cumulativo e destrutivo, seguido do pesadelo de saber que, dentro de alguns dias, terei que retomar a rotina, descobrir o que ainda não sei e que realmente não me preocupa, tirar satisfações comigo mesmo e me perguntar mais uma vez o motivo de criar um mundo tão absurdo em minha volta. Insanidade? Não. Preciso da minha cabeça funcionando perfeitamente para continuar postando. Talvez meu trabalho nos blogs seja a única coisa que mova minha auto-estima nos últimos dias, a sensação de fim de férias nunca fora tão perturbadora.
 Começando pelo fim dos dias, tenho mantido noites muito mal dormidas, afinal, prefiro apodrecer a madrugada inteira em frente o computador à ficar rolando na cama sem sono algum. O mau-humor matinal chega tarde, assim como tarde eu acordo. Por aqui ele fica até o cair do dia, quando vai embora para o tédio tomar frente do resto, num calor insuportável alcançando noites repletas de pernilongos e outros insetos. Agora, gotas de suor escorrem nas minhas costas e não, eu não estou muito feliz.
 Quando penso em algo que possa estar mantendo minha calma, a resposta é ele, o rock. Notas em guitarras e belos gritos soam como a minha redenção. Minha camiseta do Green Day se tornou meu uniforme essa semana; surpreendentemente, ela não está fedendo - ainda. Meu saco em dividir a mente em diversas tarefas estourou, tenho feito, ou pelo menos tentado fazer, uma coisa de cada vez. Não posso dizer que não tenho o que fazer, a questão é que não tenho pelo que fazer. Mas por favor, não me peça para fazer caridade ou algo do gênero, neste momento estou sendo completamente egoísta.
 Costumo me lembrar de um velho professor de inglês que dizia à turma que no inferno iriamos todos ficar à toa, pois a ociosidade é o pior castigo e que a mente vazia é a oficina do diabo - essa última parte já vem dos crentes, aos quais não dedico muito minha paciência. Entrementes, talvez eu esteja contaminado pelo vírus do ócio e neste momento esteja com cara de zumbi em frente a tela do PC, com os dedos teclando frenéticos e ouvindo a trilha sonora de Resident Evil: Afterlife. Amazing!
 O que vem torrando minha paciência são tantas coisa que posso até tentar descrever, mas sei que vai faltar algo na lista. Enfim, minha mente não tem suportado a pressão de que as malditas férias vão acabar e que uma rotina ainda pior virá em seguida. Acordar é bom, ser acordado é pior que um pesadelo. Não poder usar o banheiro sem que o telefone toque, alguém bata a campainha ou algum inconveniente tente abrir a porta é uma raiva cotidiana à se passar - não quando você não está muito... de bem com a vida. Toques polifônicos, monofônicos ou MP3, buzinas, latidos e miados, pirraça de criança, gritos quaisquer e ruídos inesperados me incomodam. Me cansei de bancar o bonzinho pra ver se alguma coisa muda e ter que engolir um sapo que nem cabe na minha boca. Daí as pessoas cobram de mim e meus esforços continuam vãos. Meus projetos estão sendo desvalorizados quando, ainda bem, não tenho esperado muito de ninguém. Entretanto, gostaria de aprender a conviver com pessoas histéricas que se intitulam loucas e passam o dia conversando com o cachorro. O que pensei que me faria falta acabou não fazendo; e quando o círculo se fecha, ficando apenas eu e eu mesmo, aí sim posso dizer que estou... legal.
 Sei que é uma fase, sei também que dentro de algumas semanas vou estar postando algo sobre como estou me sentindo feliz e ainda mais prepotente. Compreensão. Aceitação da situação, lições de meu pai. Tenho muito o que aprender sobre os efeitos do tempo na vida e vice-versa, mas este momento é único, assim como cada segundo. Só de escrever essas pequenas baboseiras já me sinto bem melhor.

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