domingo, 19 de junho de 2011

A Dor do Pensamento


 Não sei o que estive esperando durante todo esse tempo. Adentro de semanas de profunda reflexão diante de tudo, dias de demasiada tortura e prazer, ajustados em horas que se arrastavam conforme minha fome gritava, sem ser saciada.
 Então, onde está o que procuro? Não, certamente não está naquela torre enorme e dourada, acenando pra mim à metros de distância, para além das montanhas de cabeças. E também não está nos grandes olhos verdes e arregalados que me encaram veementes, mergulhados em vodka e uma cambaleante agonia. Onde está? Eu não sei.


 O que logo começou em palavras, passou por longas discussões e ainda mais lentas fundamentações do que pode ser e do que provavelmente será, finalmente terminando em mais trapos - as mesmas palavras vazias encaixadas em frases diferentes, mas com o mesmo sentido. A maioria daqueles para quem escrevo não irá ler isto e morrerá sem saber da minha ira. Quem sairá no lucro então? Não; eu não. Se estou feliz agora, acho que não fará muita diferença, pois apenas tenho cumprido com meus deveres; ainda que chorando e rasgando minha própria alma com correções frias e severas.
 Sinto falta de conversar com meu anjo. Tenho saudades das minhas antigas opções, estas que já se encontraram em outros devaneios, e me encontraram aqui: no mesmo lugar. Apesar da nostalgia, não me arrependo pois seria vão e toda a experiência adquirida será, sim, lembrada algum dia, quando a mesma situação se colocar novamente contra a minha face. Foram tantas mentiras que contei, além das tantas verdades que somente eu consegui enxergar. Qual é o problema de vocês, afinal?
 Acho que estou louco; e na verdade, acho que não estou apto a achar nada, principalmente sobre mim. Minha confiança no alheio surgiu acima da minha própria autoconfiança. Desde o ponto de partida, acreditei, fiz minhas apostas, lancei as cartas à mesa e executei meus blefes. Logo depois dos primeiros fracassos, me reergui para tentar novamente, sorri e enchi o peito de luxúria; logo que mergulhei, fui consumido por um oceano de memórias sublimes e um presente infeliz. Ah, que merda! Aonde estou, que minha palavras não saem? Estou sem ação, assim como não consigo forçar nenhuma - e creio que se pudesse, eu forçaria um berreiro de lágrimas e soluços que descarregassem toda a minha insatisfação.
 Nada está claro ainda, mas talvez a maioria das pessoas não mereça meus preciosos minutos focados em seus problemas; pois nunca se preocuparam, e nem mesmo irão se incomodar caso eu diga me importar.
 Eu gostaria de um breve sentido, rapidamente claro e sólido - algo que pudesse abrir meus olhos para o mundo em si e me ensinasse a dançar conforme suas danças vulgares. Gostaria de redimir meu próprio espírito para então cair nas sujas tentações que o mundo, a moda e a TV pregam em milhares de cabeças. Gostaria de me alienar e ser, enfim, feliz, como a maioria desses medíocres. Queria me aliar com a maioria repugnante e mudar meus partidos sempre que me fosse conveniente. Queria ser bem mais falso e não demostrar exatamente o que sinto; matar a vontade de vontades tolas e ser tão patético quanto cada uma delas. Ainda que ansiasse tanto, nunca ousei me arriscar em tais situações, não por medo mas porque não consigo. Não nasci assim, não faz parte de mim; esta não é a minha natureza. Adimito com todas as dolorosas letras que sou sim, pensante; e que - inevitavelmente - quem pensa, sofre.

2 comentários:

  1. Quem não pensa é quem sofre.
    Nada disso amigo, refletir leva a conclusões, conclusões levam à "dor".
    Mas...que doa então!
    Pensar é preciso.

    Mringa

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  2. Cara fica muito bom, muito bom mesmo me identifiquei com o texto demais.
    Continue assim MANO, eu sei que vai fazer melhor ainda.

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