Num dado momento nos escondemos, mantemos o silêncio de nossa inquietude, mas alimentamos o cansaço da repressão. Num outro estamos vulneráveis e explícitos, procurando desesperadamente pelo buraco mais próximo onde possamos nos refugiar. Nossos questionamentos são saudáveis, porém cansativos, mas pior seria não questionar e morrer sem descobrir como é excitante ter alguns inimigos.
Das ilusões sobre o tempo, a pior delas é pensar que ele passa ora ligeiro, ora vagaroso. Sua única verdade é ser constante e não estar à nossa espera. Ele nos ensina que até mesmo as oportunidades se cansam e não mais aparecem, pois sabem como somos inflexíveis. Assim a família se cansa, os amigos desistem, o trabalho nos deixa exaustos e toda forma de relacionamento acaba por nos sufocar.

Enquanto reclamamos do cansaço de estarmos à toa, muitos prezam pelo descanso que aqui desperdiçamos. Aquele velho ranzinza e intolerante há de se cansar de sua estupidez, assim como os jovens de hoje se cansam de brincar e decidem levar à sério - complicar e destituir - a simplicidade que é a vida. Todos os acertos e erros lançados em função do arrependimento. O outro lado das escolhas fora há muito engolido pelo tempo e jamais será revelado.
Certo dia nos cansamos de sermos imaturos, noutro recusamos toda a seriedade. Se olharmos em volta, perceberemos sem dificuldades que o mundo se cansou da gente, e hoje nos expulsa daqui. Cansados de esperar pela felicidade, eis que estamos acomodados demais para corrermos até ela.
É como se assentamos e ficamos apenas assistindo a vida 'lá fora'.
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