Tratando-se do título, o que valeria a pena contar em um livro que trata exclusivamente de você?
Sua vida traduzida em páginas; tudo o que fez ou faz para estar onde está. E muitos ícones precisam morrer para ganharem sua obra não autorizada, enquanto outros se aventuram na autobiografia esperando lembrar-se de tudo, convertendo em palavras suas memórias, das vivências e da existência propriamente dita - se é que realmente exista uma clara diferença entre viver e existir, quando tudo já é tão banal.
Tentar escrever algo sobre si mesmo não é fácil. É como observar sua vida do lado de fora, e inevitavelmente você acaba enxergando erros que, na literal realidade, você nunca quis assumir. Pode ser assustadora a reação quanto à verdade, tomando conhecimento de que é preciso tornar-se o eu lírico para ver que mesmo o certo pode permanecer certo, ainda que no lugar errado.
Se minhas reflexões quanto ao tema te deixou confuso, tenho meus objetivos alcançados.
Agora que sua mente está trabalhando em algo maior que você, tente sair de si por um momento e observar. Sinta, pense e aja como o alterego. Quem é você fora dos seus próprios conceitos?
Muitos escritores preferem essa vista. Requer uma certa astúcia se fazer de leitor para pensar sobre ações e reações que sua biografia poderia causar. O pensamento em questão abre espaço para outros questionamentos, como qual seria o interesse dos leitores na sua história. O que você era, passou a ser e finalmente se tornou? Se existem ações diferentes e diferença nas ações, tudo pode valer a pena, mas ainda não é o suficiente, e nunca será - independente da sua idade. Tantas dúvidas alcançam a pergunta final, colocando em prova o sentido das biografias, quando não há nada de sério a se tratar.
Possivelmente, biografias podem trazer uma nova visão acerca da vida do próprio leitor. Funcionando no estilo auto ajuda, ou na mesma linha dos manuais que, fracassadamente, tentam ensinar leitores frustrados e depressivos a como ficarem ricos, conquistarem seus amores e sonhos, seguindo-se os vagões derivados dessa lamentável literatura. Há pouco tempo fui presenteado com um livro repleto de mensagens de um famoso blog. Honestamente, a única idéia que tal presente me causou foi a de transformar o TRAPO em livro. TRAPO escrito - Volume 1 - já pensou? No mais, o presente fora repassado para alguém que, ao contrário de mim, precise ser estimulado à postar algo interessante.
Sobre a minha biografia, deixarei que alguém a escreva quando eu me for. A obra não será fiél à minha vida, alguém saberá a verdade no caso de alguma mentira, e o amplo salão de dúvidas acerca de mim mesmo será aberto ao público. Experiências parcialmente reveladas, enquanto um bando de curiosos profanam meu sono para saberem mais. Pode parecer sinistro e demasiado estranho, mas é uma forma de manter-se vivo, mesmo que apenas nas mentes das pessoas. Será que é isso que os autobiógrafos realmente procuram? A imortalidade soa ridículo, mas quem a negaria, afinal?
Eu a negaria. Vc não seria imortal a partir disso, simplesmente estaria prolongando a sua vida ou pós-vida por mais algum período de tempo cujo o qual terminaria com a memória das pessoas que conheceram ou leram o seu livro, algo q com o tempo seria esquecido pelo tempo. Para se imortalizar, é preciso algo grande, algo maior, como por exemplo as famosas descobertas e teorias complexas de Einstein q apesar de ter tomado bomba em seu segundo ano do ensino médio e ter sido faxineiro em uma universidade, conseguiu de certa forma se imortalizar entre as gerações... É preciso algo maior para poder prolongar a sua existência até os confins do universo..
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